São Paulo – No ano passado, 1.606 pequenas e médias empresas brasileiras exportaram roupas. Em dinheiro, isso representou US$ 1 bilhão. Sim, elas são mesmo poderosas em se tratando do setor têxtil, correspondendo a 70% do universo de empreendimentos da área. E, baseadas principalmente em inovação, design e “brasilidade”, ganham espaço lá fora. Para 2010, a meta é fechar o ano com 5% de aumento sobre as vendas externas registradas em 2009, quando o faturamento geral da cadeia de vestuário com o comércio exterior foi de US$ 1,2 bilhão.
“Muitas empresas de pequeno porte ainda acham que é impossível exportar, mas isso está mudando”, explica o diretor executivo do programa Texbrasil, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e presidente do Sinditêxtil São Paulo, Rafael Cervone. “Temos casos de empresas com 30 funcionários que vendem para mais de 40 países”, diz.
De acordo com Cervone, a indústria têxtil nacional recebeu investimentos totais de US$ 1,5 bilhão em 2010. E o setor cresce a partir de ações como o próprio incentivo às vendas externas. Tocado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o Texbrasil tem por objetivo ajudar as empresas a se inserirem no mercado internacional.
“Levamos 12 pequenos e médios empresários para a feira Who’s Next & Première Classe, em Dubai, no ano passado, por exemplo”, diz ele. “E trouxemos 26 compradores e 15 jornalistas do Oriente Médio para cá, para conhecer a produção brasileira nos últimos cinco anos”, explica.
Entre os países árabes, o Marrocos é o primeiro que aparece no ranking da Abit dos maiores compradores internacionais do setor têxtil nacional, em 42º lugar. O segundo colocado na lista são os Emirados Árabes (44º lugar), seguidos pela Tunísia (53º), Arábia Saudita (54º) e Líbano (55º).
Para o consultor de comércio exterior do Sebrae São Paulo, Jaime Akila Kochi, existem 4.433 empresas interessadas em comprar roupas do Brasil no cadastro do BrazilTrade Net, banco de dados do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores. E a informação é um estímulo à maior participação dos pequenos nesse mercado.
“A maior dificuldade dessas empresas é ter escala para exportar. Nesse sentido, pode ser interessante participar de consórcios para vender lá fora”, afirma Kochi. Outra tática infalível, segundo ele, é investir em qualidade. “O design brasileiro é muito valorizado lá fora”, explica.
Beleza nos detalhes
O design e o estilo brasileiro nas peças é exatamente o trunfo da Cali Corpus, de Santos, no Litoral Paulista, para ganhar espaço lá fora. Com apenas 12 funcionários, a empresa vende hoje para Portugal e Espanha, já tendo exportado para França, Inglaterra, Israel e Itália. O comércio exterior já representa 30% da produção da empresa, que produz moda praia e roupas de ginástica. E a empresa tem interesse em aumentar esse percentual, inclusive vendendo para os árabes. “Esses países são mercados muito interessantes”, explica Naiade Capelo, proprietária da Cali Corpus.
Segundo Naiade, os biquínis e maiôs da marca têm sempre um toque artesanal. “Os estrangeiros gostam dos bordados, pedrarias e linhas aplicadas, além de tricô e crochê, por exemplo”, explica.
A empresária Monika Hornbostel também aposta nesse tipo de diferenciação para vender moda praia lá fora. E leva tão a sério as exportações que destina ao mercado externo 100% da produção da Anika, sua grife. “São peças de maior valor agregado, com custo entre US$ 160 e US$ 190 ao consumidor, que têm mais mercado fora do Brasil”, diz Monika. As roupas de banho da marca são produzidas com adornos de luxo como madrepérola, pérolas de água doce e pedras semipreciosas. “Usamos em detalhes nos maiôs ou na lateral dos biquínis”, explica.
Baseada no Rio de Janeiro, a Anika vende seus produtos para a Alemanha, Arábia Saudita, Canadá, Emirados Árabes, Estados Unidos, França, Inglaterra, Líbano e Turquia, entre outros. “São mais de 15 países”, diz Monika.
Entre os clientes árabes, a empresária explica que os acessórios e detalhes são muito apreciados. “São compradores de alto poder aquisitivo e que adoram cores fortes e cortes arrojados”, garante Monika, uma entre muitas representantes dos empreendedores do setor têxtil com as atenções voltadas para boas oportunidades de negócios mundo afora.
Contatos
Anika Brazil
Telefone: +55 (21) 2529-6799
www.anikabrazil.com.br/html/index.htm
Cali Corpus
Telefone: +55 (13) 3227-4399
www.calicorpus.com.br