Marina Sarruf
São Paulo – As empresas brasileiras estão investindo cada vez mais em design de produto. Uma prova disso é a conquista, pela primeira vez, do troféu de ouro na categoria iluminação do iF Product Design Award 2005, principal premiação internacional de design que ocorre anualmente em Hannover, na Alemanha. Além do ouro, 14 produtos nacionais foram premiados em categorias inferiores, o que os permite utilizar o selo do iF.
"Um dos indicativos do crescimento e amadurecimento do design brasileiro está na expressiva participação brasileira em prêmios internacionais. Esta participação tem alcançado índices surpreendentes de premiações em vários setores", afirmou Antônio Sérgio Martins Mello, secretário do desenvolvimento da produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O troféu de ouro brasileiro também foi o primeiro latino-americano nos últimos 50 anos de premiação.
Para promover o reconhecimento internacional do design de produtos desenvolvidos no país foi lançado em 2003 o projeto Design Excellence Brazil, uma parceria entre a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e o MDIC.
O projeto, que está em sua segunda edição, consiste em oferecer apoio logístico e financeiro para as empresas que têm interesse de participar do iF Product Design Award. Segundo informações da Câmara alemã, a cada ano aumenta a procura de empresas interessadas na inscrição. No ano passado foram enviados para a pré-seleção mais de 200 produtos, dos quais 123 concorreram e três receberam troféus de prata em diferentes categorias. Este ano o número chegou a quase 300, porém 105 foram inscritos na premiação.
"As empresas brasileiras estão começando a investir em design. No exterior o design é algo muito bem visto, principalmente na Europa. Aqui, o design está começando a ser difundido", afirmou Fernando Prado, designer da luminária vencedora do troféu de ouro.
Luna de ouro
Prado começou a desenvolver a linha de luminárias Luna, da qual faz parte a peça vencedora, para a empresa onde trabalha, a paulista Lumini, em 2002. No ano passado ela ficou pronta. Em 2004, o profissional também foi premiado na Alemanha por ter criado a luminária Giro para a mesma empresa.
Segundo o designer, o diferencial da Luna é o anteparo giratório, que tem o acabamento preto numa das faces e branco na outra e permite controlar a intensidade da luz por um dimmer mecânico. "Além da novidade do desenho", completou. A luminária serve tanto para o teto quanto para o piso. "A Luna é para uso residencial decorativo", disse.
De acordo com Ricardo Gutfreund, diretor de marketing da Lumini, a luminária premiada já é vendida na Alemanha, onde a empresa possui um distribuidor para a Europa. No total, a empresa exporta para cinco países: França, Uruguai, México, Estados Unidos e Alemanha.
São produzidas 15 mil luminárias por mês, 10% das quais chegam ao mercado externo. "Antes do prêmio já exportávamos a luminária. O prêmio é um aval de qualidade e abre mais portas no mercado", afirmou Gutfreund.
A Lumini foi fundada em 1979 e se destaca pelo design dos produtos. Além de um showroom e uma fábrica em São Paulo, a empresa tem filiais no Rio de Janeiro e na Alemanha. O parque fabril tem 4 mil metros quadrados e 150 funcionários.
Banheira eletrônica
Outra empresa brasileira premiada nas demais categorias do iF Product Design Award é a Ihouse, especializada em equipamentos tecnológicos para casas, hotéis e apartamentos. A Smart Hydro, uma banheira de hidromassagem totalmente eletrônica, foi um dos produtos premiados. Desenvolvida por Guto Indio da Costa, Eduardo Azevedo, Camila Fix, Augusto Seibel e Felippe Bicudo, a banheira pode ser programada pelo telefone fixo, celular ou computador.
"O design se tornou uma peça fundamental em qualquer produto", afirmou Fernanda Miziara, representante comercial da empresa paulista. O lançamento do produto será feito no segundo semestre deste ano, mas os produtos da empresa são comercializados apenas para construtoras e incorporadoras. A empresa tem planos de entrar no mercado externo ainda este ano.
Já a dupla de designers Marcelo Gonzaga e Juliana Faria, sócios do escritório OD Design, no Rio de Janeiro, criaram um kit de plástico para escritório, com porta lápis, porta papel e um cesto. Eles trabalham para uma empresa de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a Coza, que fabrica utensílios domésticos.
"A grande característica do kit foi a combinação de plásticos injetado e laminado, que dão uma leveza muito grande às peças e que permite também maior facilidade para montar e limpar as peças", afirmou Gonzaga. Segundo ele, o plástico injetado é um material muito caro e o laminado é bem mais barato.
Entre os produtos brasileiros premiados estão luminárias, tábua de madeira para cozinha, travessa para alimentos, maleta que vira churrasqueira, reboque de moto, terminais de consulta, anel e controle remoto para ventilador.
Planos para o Brasil
De acordo com o secretário Mello, o MDIC quer fortalecer os prêmios de design no país para gerar o reconhecimento do trabalho entre os empresários e consumidores. Para este ano, o governo está organizando a Bienal Brasileira de Design, um projeto que poderá ser realizado em novembro de 2005 a janeiro de 2006, em São Paulo, onde deverão ser expostos 1.500 produtos.