Rio de Janeiro – O deslocamento global de pessoas forçadas a deixar suas casas atingiu novo recorde na última década, o que mostra tendência de crescimento a cada ano. De acordo com o relatório Tendências Globais – Deslocamento Forçado em 2021, divulgado pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur), o número de pessoas que tiveram que abandonar as suas casas está no nível mais alto desde que começou a ser registrado. “Uma tendência que só pode ser revertida por um novo e combinado esforço em favor da paz”, indicou a Acnur.
O relatório, lançado nesta quinta-feira (16) em uma parceria da Acnur com o Serviço Social do Comércio (Sesc) Rio, apontou que o número de pessoas deslocadas por guerras, violência, perseguições e abusos de direitos humanos atingiu 89,3 milhões de pessoas no final de 2021, o que representa crescimento de 8% em relação ao ano anterior e mais que o dobro verificado há 10 anos.
Segundo a Acnur, a guerra da Rússia contra a Ucrânia “causou a mais veloz e uma das maiores crises de deslocamento forçado de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial”. O número foi reforçado ainda por outras emergências humanitárias, da África ao Afeganistão, que levaram à marca dramática de 100 milhões de pessoas em maio de 2022. “Ou a comunidade internacional se une para enfrentar esta tragédia humana, resolver conflitos e encontrar soluções duráveis, ou essa tendência terrível continuará”, alertou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
De acordo com dados do Banco Mundial, houve a intensificação de conflitos em 23 países, com população estimada de 850 milhões de pessoas, que enfrentaram confrontos de intensidade média ou alta no último ano. A privação das pessoas também foi impactada pela escassez de comida, pela inflação e pela crise climática e exige “uma maior resposta humanitária no momento em que as projeções de financiamento para muitas dessas situações se apresentam sombrias”.