São Paulo – Uma reunião entre o ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, e diplomatas árabes colocou na mesa nesta quarta-feira (8) uma série de pautas da relação do agronegócio nacional com os países árabes e deixou clara a vontade de mais cooperação e investimento entre as regiões. A reunião, na sede da embaixada da Palestina, na capital federal, teve a participação da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Segundo o presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, entre as temáticas mais presentes no encontro estiveram a possibilidade de investimento recíproco entre o Brasil e os países árabes no agronegócio e o interesse árabe de ampliar a cooperação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Se falou sobre a possibilidade de abrir escritório da Embrapa em país árabe e de intercâmbio com o Centro Árabe para Estudos de Zonas Áridas e Terras Secas (Acsad).
O ministro anunciou que mais dois países árabes terão adidos agrícolas do Brasil: Argélia e Emirados Árabes Unidos. Os adidos, ligados ao Ministério da Agricultura, atuam nas embaixadas do Brasil no exterior com a missão de estreitar as relações do setor agropecuário brasileiro com a região onde ficam. O Brasil já possui adidos em três países árabes: Marrocos, Arábia Saudita e o Egito. Segundo o anúncio do ministro, passará a ter em cinco, o que deve ampliar já em breve a cooperação, uma demanda dos diplomatas.
Fávaro convidou os países dos embaixadores a investirem no Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, lançado pelo governo federal com a pretensão de recuperar e converter para a produção agropecuária até 40 milhões de hectares em dez anos. Os embaixadores se interessaram pelo assunto e ainda foi discutida a possibilidade de investimentos na área de fertilizantes. O Brasil tem estratégia de ampliar a produção nacional de adubos e vem buscando investidores.
O encontro foi aberto com uma pauta que permeia de maneira muito forte a relação comercial do Brasil com o mundo árabe, que é a segurança alimentar. Os brasileiros são importantes fornecedores de alimentos para a região, que não têm condições naturais para vasta produção agrícola. Chohfi falou sobre o tema lembrando que o Brasil participa com 8% das importações totais dos países árabes de produtos agroalimentares e com 45% da proteína animal halal.
Câmara Árabe
Osmar Chohfi colocou a Câmara Árabe à disposição para cooperar com o governo federal no aumento do comércio, a cooperação e os investimentos entre o Brasil e os países árabes. Ao final da reunião, ele entregou ao ministro Fávaro o estudo “Brasil e Países Árabes – Cenário e Oportunidades no Agronegócio”. O material foi feito pela Câmara Árabe com um panorama da atual relação comercial entre as regiões na agropecuária e o potencial de crescimento, com base em fundamentos como a necessidade de segurança alimentar, avanço populacional e diversificação das economias árabes.
O secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, fez uma apresentação no encontro sobre a relação do Brasil e mundo árabe no agronegócio juntamente com o vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Zoghbi. Eles abordaram o força do Brasil como fornecedor de produtos halal aos países árabes e islâmicos, além das demais pautas desse relacionamento, como oportunidades e obstáculos a superar.
Solidariedade e cooperação
O embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, como decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, recebeu os representantes do governo federal, assim como os demais embaixadores e participantes. Os diplomatas se solidarizaram junto ao ministro com a catástrofe que enfrenta o estado brasileiro do Rio Grande do Sul em função de fortes chuvas e enchentes que já contabilizam 100 mortos, 128 desaparecidos e milhares de desabrigados.
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Entre outros, participaram do encontro, pelo ministério, o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, o diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos, Marcel Moreira, e o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais, Julio Ramos, além do secretário de África e Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Duarte, o presidente do Conselho da Embrapa, Carlos Ernesto Augustin, o presidente da Fambras, Mohamed Zoghbi, o diretor de Desenvolvimento de Projetos e Relações Institucionais da Fambras, Delduque Martins