São Paulo – Representantes dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita estão entre os 23 diplomatas brasileiros que participam do Programa de Imersão no Agronegócio Brasileiro. Promovido pelo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o encontro começou ontem (6) e termina na sexta-feira (17). Também estão no Brasil, diplomatas sediados na China, Japão, Estados Unidos e países da União Européia.
Durante estas duas semanas, os diplomatas vão visitar municípios em Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Paraná, com o objetivo de aprofundar conhecimentos sobre os setores de carnes, café, frutas, sucroalcooleiro, lácteos e grãos. “A idéia é trazer diplomatas sediados em regiões estratégicas (pelo fato de já serem os principais mercados do agronegócio brasileiro no exterior ou por serem potenciais importadores), para conhecerem a realidade da agricultura brasileira em todos os seus aspectos como qualidade, produtividade, sanidade, meio ambiente, legislação”, afirma Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Agronegócio.
De acordo com Porto, os Emirados Árabes foram escolhidos por serem o entreposto para o mercado árabe. “O país tem uma localização estratégica. Tanto que um dos Centros de Negócios da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) fica em Dubai”, afirma o secretário. ”No caso da Arábia Saudita, que está representada pelo embaixador brasileiro em Riad (Sérgio Luiz Canaes), além de ser o principal país árabe em termos de renda e população, já demonstrou interesse em investir no agronegócio brasileiro”, acrescentou o secretário.
Segundo ele, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o país, há cerca de dois meses, foram iniciadas conversas sobre a possibilidade de estabelecer parcerias entre os dois países, incluindo o fornecimento de matéria-prima para fertilizantes, pelo governo saudita, em troca de alimentos brasileiros.
Os diplomatas também vão conhecer as ações realizadas pelo Mapa para garantir a qualidade dos produtos brasileiros nas áreas de defesa sanitária, inspeção, apoio laboratorial e atuação nos portos. “Esse programa é muito importante para que os diplomatas saibam defender e responder questionamentos relacionados ao agronegócio. O programa tem como caráter prospectar negócios, aumentar a capacidade exportadora e também atrair investidores interessados em estabelecer parcerias com produtores, cooperativas e para a construção de novas indústrias", explicou o secretário.
Além disso, os diplomatas terão contato com entidades de classe do setor. “Assim qualquer dúvida que surgir poderá ser esclarecida diretamente com os responsáveis”, disse.
No primeiro dia do encontro, que aconteceu em Brasília, foi apresentado um panorama do agronegócio brasileiro. Os números mostram que a produção de grãos cresceu 132% de 1991 para 2009, o que corresponde a 4,8% ao ano.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem 31,3 % de áreas agricultadas e 68,7% para outros fins. Das agricultadas, 64,8% são destinadas às pastagens e 21,8% a culturas anuais.
Em relação à área colhida na safra 2007/2008, 2,3 milhões de hectares foram para café, sete milhões para cana-de-açúcar, 14,3 para milho, 21,6 para soja e 172,3 milhões de hectares para pastagens.
A programação dos diplomatas no país inclui visitas a propriedades particulares, cooperativas, indústrias de abate de animais, de produção de etanol e açúcar, e ainda, ao Porto de Paranaguá. No última dia do evento, eles farão uma visita a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e uma reunião no Mapa para fazer o fechamento e avaliação do programa.
De acordo com Porto, o Mapa pretende promover esse encontro anualmente para treinar os novos diplomatas das regiões estratégicas, já que os profissionais mudam de embaixada ou consulado a cada três anos.
Adidos agrícolas
A partir de setembro o Brasil terá oito adidos agrícolas que terão como geande objetivo divulgar o potencial agrícola brasileiro. De acordo com Porto, eles ficarão instaladas em Bruxelas, Genebra, Moscou, Tóquio, Pequim, África do Sul, Washington e Buenos Aires. “O orçamento foi aprovado esse ano e o edital de seleção será lançado esse mês. Os postos foram definidos em 2004. Se fosse hoje, certamente Emirados Árabes receberiam um dos adidos”, garante o secretário. Segundo ele, no futuro os postos poderão ser ampliados e remanejados, de acordo com a avaliação da necessidade de apoio em regiões mais estratégicas para o país.

