São Paulo – A desvalorização do dólar diante do real, verificada nos últimos dias no mercado brasileiro, não deve trazer grandes influências para a balança comercial do país. Analistas acreditam que a moeda norte-americana, que saiu de R$ 1,72 na quinta-feira passada (23) para R$ 1,69 nesta quinta-feira (30), trará pouco ou quase que nenhum respingo nas exportações e importações brasileiras. Apesar de ser o menor nível dos últimos dois anos, a desvalorização chegou a apenas a 0,3 pontos percentuais.
O consultor da Méthode Consultoria Empresarial e professor de Finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Adriano Gomes, é um dos especialistas que acredita que exportações e importações não devem sofrer influência da oscilação e que a variação do dólar, para baixo, não será muito maior do que o já visto. O Banco Central interveio e continuará intervindo no mercado, com compra de dólares.
Um dos fatores que causou a queda da moeda norte-americana no Brasil, nestes dias, foi a entrada de dinheiro estrangeiro no país por conta da capitalização da Petrobras. O analista da Tendências Consultoria, Felipe Salto, afirma que o impacto desta operação no mercado de câmbio, no entanto, deve se dar até o início da próxima semana.
O fator maior da desvalorização, acredita Gomes, é o movimento mundial do dólar. "O dólar está se derretendo no mundo inteiro", diz. A China vem fazendo injeções da sua moeda, o Yuan, no mercado chinês, na tentativa de tornar os seus produtos mais competitivos para exportação no mercado mundial. Com isso, para não perder mercado, o Federal Reserve (Fed), que é o banco central dos Estados Unidos, vem fazendo o mesmo.
O movimento vem trazendo reflexos e queda do dólar em nível internacional. Gomes acredita que nem China e nem Estados Unidos abrirão mão da guerra da moeda em breve e que, somado a isso, haverá grande entrada de capital estrangeiro no Brasil nos próximos meses por conta do pré-sal, exploração de petróleo em águas profundas, o que não deixará o dólar avançar muito. "A Petrobras é apenas uma ponta do iceberg", afirma o consultor, lembrando que o projeto do pré-sal envolve muito mais áreas e empresas. Nos próximos três meses, o consultor acredita numa cotação do dólar entre R$ 1,72 e R$ 1,73.
Em 2011, de acordo com Gomes, o dólar deve ficar cotado entre R$ 1,70 e R$ 1,80. A Tendências prevê cotação de R$ 1,79 para o ano que vem. O próprio governo deve segurar a moeda neste patamar, com injeção de dólares no mercado para não deixar os preços subirem no mercado interno. Se o dólar se valoriza demais, as exportações aumentam, mas no mercado brasileiro, onde há aquecimento de compras, acaba havendo elevação de preços ou inflação.

