Da redação*
São Paulo – A companhia DP World, do governo de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, vai vender 20% de suas ações e espera arrecadar cerca de US$ 3,5 milhões. A transação será realizada por meio de uma oferta pública de ações aberta a investidores do mundo todo, na maior operação do gênero já realizada no Oriente Médio. As informações foram divulgadas pelo site do jornal árabe Gulf News.
As ações da companhia, que administra portos, passarão a ser listadas na Bolsa de Valores de Dubai (DIFX). "Estamos satisfeitos em saber que a DP World será a primeira companhia nascida em Dubai a ser listada na DIFX", disse Ahmed Bin Sulayem, presidente da empresa, ainda segundo o Gulf News. Os formulários de inscrição para a oferta de ações estarão disponíveis de 04 a 21 de novembro.
Segundo Sulayem, a venda deverá ser a primeira de uma série de ofertas bilionárias realizadas pela família real de Dubai, os Maktoum. O império empresarial dos Maktoum inclui linhas aéreas, companhias imobiliárias, bancos, entre outras. "Nossa expectativa é de que outras empresas estatais de Dubai sejam listadas na DIFX", disse o executivo.
"No futuro, outras organizações governamentais de Dubai deverão ser privatizadas", concordou Haissam Arabi, diretor administrativo do banco de investimentos Shuaa Capital, também de Dubai, que está envolvido na transação, segundo a agência de notícias Dow Jones.
"Acreditamos que chegou a hora de termos uma base mais ampla de acionistas internacionais, que participarão do futuro da DP World", disse Bin Sulayem ao anunciar a oferta pública em entrevista coletiva.
O valor da oferta será superior ao das realizadas por companhias sauditas como a Saudi Telecommunications, que movimentou US$ 2,7 bilhões em 2002, e a Saudi Kayan Petrochemicals, que ocorreu este ano e foi avaliada em US$ 1,8 bilhão.
Em 2007 foram realizadas 49 ofertas públicas de ações no Oriente Médio, que renderam um total de US$ 7 bilhões às companhias da região. O faturamento recorde do setor petrolífero aumenta a confiança de investidores estrangeiros na região, contribuindo para atrair o capital estrangeiro, segundo a Dow Jones.
A DP World já havia anunciado que pretendia lançar ações na Bolsa de Valores de Londres em 2005, mas o negócio foi cancelado em conseqüência de condições de mercado adversas, de acordo com o jornal londrino Financial Times.
DP World
A operadora estatal de terminais de carga DP World tem um capital de cerca de US$ 20 bilhões e administra 42 terminais de carga em 22 países. Em 31 de dezembro de 2006, a capacidade total de armazenamento da companhia era de 48,6 milhões de TEUs (unidades equivalentes a um contêiner de 20 pés).
A DP World passou a figurar entre as quatro maiores companhias de administração portuária do mundo após adquirir a britânica Peninsular & Oriental Steam Navigation Co. (P&O), por US$ 6,8 bilhões, no final de 2005. A companhia faz parte do conglomerado empresarial Dubai World, que pertence à família real Maktoum e também inclui a companhia imobiliária Nakheel e a empresa de investimentos Istithmar.
A companhia administra o maior terminal de carga do Golfo Arábico – o porto de Jebel Ali, nos Emirados – e possui instalações no Oriente Médio, Europa, Ásia, Oceania, África e Américas.
Transparência
De acordo com o CEO da companhia, Mohammed Sharaf, a entrada da DP World na bolsa de valores de Dubai será uma resposta às acusações de falta de transparência contra diversas companhias estatais do emirado, de acordo com o Financial Times.
A listagem das ações vai abrir as finanças da companhia – que nunca havia publicado seus dados financeiros – à análise da comunidade financeira internacional. "Esta será uma oportunidade de mostrar ao mundo que estamos administrando uma companhia globalizada, sem qualquer apoio financeiro do governo", disse Sharaf ao jornal britânico.
Dados iniciais, revelados no último domingo (21), mostram que a DP World registrou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) de US$ 705 milhões e um faturamento de US$ 2,08 bilhões em 2006. Na primeira metade de 2007, o EBITDA da companhia foi de US$ 454 milhões e o faturamento, US$ 1,21 bilhão.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum

