São Paulo – A Câmara de Comércio e Indústria de Dubai (Dubai Chamber) participou da 4ª edição do Global Agribusiness Forum, realizado segunda (23) e terça-feira (24) no hotel Sheraton WTC, em São Paulo. Pela primeira vez a entidade teve um estande no evento. O diretor de escritórios internacionais Omar Khan (foto acima) falou sobre a importância da relação do Brasil com o emirado, e os desafios e oportunidades no setor agrícola. “É muito encorajador participar deste evento, vimos gente de diversos países, como Índia, Austrália, Etiópia, Zimbábue e Estados Unidos, então há muita informação sobre a agricultura mundial, e isso é muito relevante para nós porque 85% da comida dos emirados é importada”, disse ele à ANBA nesta terça-feira.
De acordo com Khan, a América Latina e o Brasil são importantes por serem muito avançados no setor agrícola, mas ele entende que há um desafio logístico por conta da distância até o Oriente Médio. “Dubai é muito bom em termos de logística, facilitação e transporte, e estamos sempre interessados em saber como podemos ser relevantes neste que é um setor muito importante, tanto para o comércio como para a segurança alimentar”, afirmou.
Na segunda-feira, o diretor participou de um painel sobre o setor privado no agronegócio e falou que o objetivo da Câmara de Dubai é encorajar as empresas dos Emirados Árabes Unidos a virem para o Brasil, e que as empresas brasileiras usem Dubai como um centro de facilitação de negócios. “É um hub muito interessante para o Brasil, porque se as empresas quiserem atingir a China ou a África, Dubai seria um excelente lugar para fazer negócios, pela conectividade, e por podermos ajudar com as barreiras de linguagem, culturais e a distância geográfica”, completou.
Quanto ao consumo, Khan disse que os Emirados não são o maior país em população – cerca de oito milhões -, mas ele enfatizou que o país recebe muitos turistas, e afirmou que a América Latina é um player importante porque os países do Golfo Árabe compraram US$ 4,3 bilhões em produtos agrícolas da região (dados de 2016), o que constitui 9% do total importado no ano em agricultura. “Há espaço para crescimento, tem tantas oportunidades diferentes, especialmente para pequenas e médias empresas.”
O diretor sugeriu que as empresas brasileiras vendam mais produtos finais e tenham maior poder de penetração no mercado internacional, em particular no Oriente Médio. “É claro que isso é mais trabalhoso do que vender uma commodity, você precisa visitar os mercados, ver o que as pessoas acham do seu produto, adaptar para cada cultura e assim construir sua marca e ter uma margem maior de lucro”, afirmou. Neste contexto, o papel da Câmara de Dubai seria o de conectar a marca ou empresa a esses mercados, fazer promoção, eventos e ajudar o empresário a entrar nesse novo mercado.
Estande
O objetivo de ter um estande no evento agrícola é “como hastear uma bandeira e dizer: estamos aqui”, segundo Khan. “Nosso foco é ajudar as nossas empresas a chegar aqui, e para fazer isso temos que entender o mercado, entender os desafios e as lacunas, para a partir disso fazermos um evento, uma pesquisa, e sabermos como podemos melhorar essa relação e encorajar os negócios”, disse. A Câmara de Dubai está no Brasil desde abril de 2017 e tem escritórios em países como Argentina, China, Índia e Panamá.
“Também queremos promover Dubai e fazer os empresários daqui conhecerem melhor nosso emirado; muita gente tem uma imagem de que o Oriente Médio é perigoso, e eu acredito que essas crenças limitantes e estereótipos podem levar um negócio ao fracasso, então o que queremos fazer aqui é evitar isso e ajudar os dois lados a fazer negócio”, declarou o diretor.
Khan confessou que relações de longa distância não são fáceis. “É por isso que temos um escritório aqui e participamos desse evento, para manter a relação viva, isso é muito importante para nós, e queremos que as nossas empresas também conheçam melhor o Brasil e queiram vir mais para cá”, finalizou.
O Global Agribusiness Forum teve início segunda-feira e terminou na tarde desta terça-feira. O evento é realizado pela Datagro, consultoria agrícola, e pela Sociedade Rural Brasileira, representante do setor agrícola no Brasil, entre outras associações do setor.