Da redação
São Paulo – Taiti, Las Vegas, Havaí, Caribe. Há anos, esses têm sido os locais mais procurados por casais que querem – e podem – fazer uma cerimônia de casamento fora do convencional. Mas Dubai já começa a fazer parte dos planos de alguns noivos, especialmente europeus. E no que depender dos investimentos do setor de hoteleira, poderá ser transformar em mais um destino exótico na movimentada indústria de casamentos.
Nos últimos dois anos, foram abertos na cidade, principal pólo econômico dos Emirados Árabes Unidos, dois hotéis de luxo que oferecem pacotes para noivos: o Royal Mirage e o Ritz Carlton. A conta não sai por menos de US$ 25 mil, mas ainda assim os hotéis garantem que vem mantendo a casa cheia. "Os casamentos são definitivamente nosso melhor negócio", afirmou à agência de notícias árabe AME Info o diretor do Royal Mirage, Geoffrey Ryan.
Segundo a agência, não existem estatísticas precisas sobre quanto de dinheiro a indústria de casamentos movimenta em Dubai. Mas é possível ter uma idéia do tamanho do setor pelos números da principal feira do segmento, a Bride. No ano passado, o número de expositores no evento aumentou 20%, para 197, e em 2002 o crescimento havia sido ainda maior: de 100%.
Os estrangeiros ajudam a movimentar o mercado. Isso porque, hoje, muitos dos casamentos "internacionais" que vêm ocorrendo em Dubai são organizados por noivos que já moram na cidade, a trabalho, por exemplo. "Há alguns anos, os imigrantes ficavam, no máximo, dois anos na cidade e iam embora. Hoje, percebemos que as pessoas estão montando suas vidas aqui, então, se sentem muito mais confortáveis em casar em Dubai", disse Amit Arora, do Ritz-Carlton, à AME Info.
Mas existe também a procura por pessoas que moram fora dos Emirados, principalmente europeus, em razão da proximidade geográfica. "Acabei de passar preços para um casal alemão", contou Geoffrey Ryan. Ele lembrou que, durante décadas, os casais europeus que queriam fazer um casamento fora dos padrões procuravam locais como o Caribe ou o Havaí. E agora estão descobrindo Dubai.
À prova de guerras
Para os hotéis, além de garantir receita extra, os casamentos trazem ainda uma outra vantagem: vêm provando ser quase que "à prova de guerras e conflitos". Segundo o diretor do Royal Mirage, durante a guerra no Iraque, no começo de 2003, praticamente todas as empresas que haviam marcado conferências ou reuniões de negócios no hotel cancelaram ou adiaram os eventos.
Os casamentos, porém, continuaram firmes. "Em abril, por exemplo, 75% de nossas receitas vieram de casamentos", disse Ryan. A média é de uma taxa de 25%.
Nos próximos anos, outros hotéis devem começar a fazer parte dessa indústria. Está prevista para 2005 a inauguração do Palm Beach, empreendimento bilionários que reunirá complexos de lazer, casas e 48 hotéis de luxo em Dubai.
Brasil
No Brasil, ainda não há pacotes específicos para casamentos em Dubai. Segundo agências de viagens ouvidas pela ANBA, não há demanda para esse tipo de viagem, mas as empresas não descartam a possibilidade de criar roteiros específicos no futuro.
Na verdade, o fluxo de turistas brasileiros para os países árabes ainda é pequeno: de 1,9 milhão de pessoas que saíram do país a turismo em 2002, menos de 8 mil foram para a região, de acordo com dados da Embratur.
Os Emirados receberam, em 2002, 5,4 milhões de turistas, segundo a Organização Mundial do Turismo (OIT). A previsão do governo local é de que, somente em Dubai, o número chegue a 15 milhões até 2010. O Brasil recebeu 3,8 milhões de visitantes a dois anos e o governo trabalha com a estimativa de uma entrada anual de 9 milhões de estrangeiros no país nos próximos três anos.

