São Paulo – O Centro Financeiro Internacional de Dubai (DIFC, na sigla em inglês) quer atrair empresas brasileiras para que elas se instalem no emirado. Na semana passada, estiveram no Brasil o CEO da instituição, Abdullah Mohammed Al Awar, e Marwan Ahmad Lufti, vice CEO e diretor de Desenvolvimento de Negócios da Autoridade do Centro Financeiro Internacional de Dubai (DIFCA, na sigla em inglês), que é o órgão regulador do centro financeiro. Eles participaram de encontros com 15 companhias brasileiras para discutir a possibilidade de elas se estabelecerem dentro do DIFC, uma das zonas francas de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
"Dubai se tornou uma parada de negócios muito conveniente entre a América Latina e a Ásia", destacou Al Awar, em entrevista, por e-mail, à ANBA. "Naturalmente, os interesses estão focados em investimentos nos setores de petróleo e gás; energia renovável, commodities agrícolas, mineração e aviação mas, mais importante, como uma janela para que os mercados emergentes acessem o Brasil". A ideia é que tendo bases em Dubai, as empresas brasileiras possam dali ter acesso aos países em desenvolvimento da região.
Entre as cerca de mil empresas que já estão instaladas dentro do DIFC está a brasileira Vale, com US$ 75 milhões em ações no mercado dos Emirados Árabes Unidos. "Estamos no estágio inicial do desenvolvimento de relações entre o Brasil e as regiões emergentes. Esperamos ver a próxima fase de crescimento vindo em linha com o enorme volume de negócios internos no Brasil", afirmou o CEO.
Segundo Al Awar, os encontros com as companhias brasileiras foram "muito produtivos". Entre as empresas com as quais os executivos se encontraram estavam nomes dos setores de produção e processamento de alimentos; petróleo e gás; agronegócio; mercado de capitais e seguros. "As discussões giraram, principalmente, em torno da exploração de oportunidades para ligar os mercados emergentes a algumas das maiores empresas do mundo que estão baseadas fora do Brasil", contou o CEO do DIFC.
"O comércio entre o Brasil e o Oriente Médio está crescendo e as exportações brasileiras para a região alcançaram US$ 870 milhões em março, um crescimento de 35,5% em relação ao mesmo mês do ano passado”, destacou o executivo sobre as relações comerciais entre brasileiros e árabes. "Como resultado deste fortalecimento do comércio bilateral, estamos vendo um interesse das empresas brasileiras em se conectar com o Oriente Médio e a África", ressaltou. Al Awar apontou ainda os voos operados pela companhia aérea Emirates com destino ao Brasil como um dos principais fatores que ajudaram a aproximar os empresários do Brasil e do mundo árabe.
Como benefícios para a instalação de empresas no DIFC são oferecidos 100% de propriedade estrangeira, zero por cento de impostos sobre rendimentos e lucros e a ausência de restrições à conversão de capitais e à repatriação de lucros. "As instituições de serviços financeiros no DIFC são licenciadas e reguladas pelo DFSA, que oferece um marco regulatório com padrões internacionais. O DIFC tem também um sistema legislativo independente e provê uma infraestrutura de suporte e um regime de imposto zero que o torna a base perfeita para desfrutar das vantagens da rápida e crescente demanda da região por serviços financeiros e negócios", explicou Al Awar.
"Ter uma base no DIFC em Dubai também oferece às empresas da América Latina a oportunidade de explorar a liquidez da região e seus mercados de capital para levantar fundos por meio de ofertas de ações primárias e secundárias", destacou o executivo. De acordo com Al Awar, ele deve retornar ao Brasil nos próximos 12 meses para dar continuidade às conversas iniciadas no país.

