Da redação*
São Paulo – A companhia estatal Dubai World (DW), dos Emirados Árabes Unidos, pretende aumentar sua presença no continente africano. A empresa assinou na semana passada um contrato de US$ 800 milhões para operar no Senegal e está estudando outro contrato para construir um porto e um parque empresarial na Tanzânia, segundo o presidente da empresa, Sultan Ahmad Bin Sulayem. As informações foram publicadas pelo site árabe de notícias MENA FN.
O contrato no Senegal foi assinado pela Jafza International, subsidiária da DW. A Jafza tem investimentos na África do Sul, Moçambique, Djibuti e Ruanda. "As oportunidades que existem na África não existem em nenhum outro lugar no mundo, mas é preciso estar na África para usufruir delas", disse Sulayem. "Como já operamos no mercado africano, temos um feedback e uma reação mais rápida do que empresários sediados na Europa, por exemplo", acrescentou ele, citando também China e Índia como as regiões mais favoráveis ao investimento. "Temos uma equipe dedicada exclusivamente a analisar as oportunidades existentes na África", destacou.
De acordo com informações da agência Reuters, a Jafza vai construir e administrar uma zona econômica especial, espécie de zona franca, a 45 quilômetros da capital senegalesa Dacar. A primeira fase do projeto cobrirá uma área de 650 hectares ao lado de local onde futuramente deverá ser construído um aeroporto internacional.
O complexo deve começar a funcionar em 2010 e a previsão, segundo a Reuters, é de que mil companhias sejam instaladas no local, gerando cerca de 30 mil empregos diretos. Jafza é a sigla para Jebel Ali Free Zone Authority, instituição que administra a Zona Franca de Jebel Ali, em Dubai.
Sulayem afirmou que, no caso da Tanzânia, o projeto da Dubai World pode incluir também uma zona econômica especial, com incentivos fiscais para facilitar as importações, mas não forneceu maiores detalhes.
Com receitas estimadas em mais de US$ 30 bilhões, a Dubai World controla empresas como a terceira maior operadora de portos do mundo, a DP World. No ano passado, a DP World arrecadou quase US$ 5 bilhões na maior oferta pública inicial de ações já realizada no Oriente Médio.
Dubai World Africa
A expansão da companhia na África começou em 2006 com a aquisição, por US$ 975 milhões, do resort V&A Waterfront, na Cidade do Cabo, capital da África do Sul. A DW criou uma nova companhia, a Dubai World Africa (DWA), para consolidar seu portfolio no continente africano. A DWA tem planos de investir cerca de US$ 1,5 bilhão na África nos próximos cinco anos. As informações são do site do jornal sul-africano Financial Mail.
Com a expansão do V&A Waterfront, a DWA pretende atrair mais empresas e lojistas. A companhia também vai construir, em parceria com o empresário sul-africano Sol Kerzner, uma franquia do hotel de luxo One & Only dentro de um shopping center.
A DWA vai também modernizar sua mais recente aquisição na Cidade do Cabo, o Pearl Valley Golf Estate, campo de golfe a cerca de uma hora de distancia da capital, com a construção de um hotel cinco estrelas dentro da propriedade.
Outro local que deverá receber investimentos da DWA é a província de Mpumalanga, também na África do Sul. A companhia vai atuar na província nas áreas de ecoturismo e preservação, por meio de uma subsidiária, a Dubai World Conservation Africa, uma holding que deverá operar em diversas reservas ambientais no continente.
Em Ruanda, a DWA deverá construir um aeroporto e três hotéis quatro estrelas. Em Zanzibar, planeja ter um resort na praia e um hotel de luxo, e nas Ilhas Comores, um hotel cinco estrelas.
De acordo com o jornal Gulf News, de Dubai, outra aquisição recente da DWA é a companhia aérea estatal do Djibuti, Daallo Airlines. A intenção é facilitar ainda mais o crescimento do comércio e do turismo no continente africano.
Já a DP World investiu cerca de US$ 32 milhões na Maputo Port Development Company, construtora de portos de Moçambique, no início deste ano.
De acordo com James Wilson, CEO da Dubai World Africa, o investimento de Dubai deverá ajudar o continente, mas os países africanos podem fazer muito mais para expandir o setor de turismo. "O problema é que os turistas não conseguem chegar até aqui porque faltam vôos", afirmou em entrevista ao Financial Mail.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum

