São Paulo – É época de colheita no Vale das Rosas, na região sul do Marrocos, onde cresce a rosa damascena. O vale fica próximo à cidade de Kelaat M’Gouna, nas montanhas do Atlas. A variedade da rosa é o que faz a economia da região girar. É base para cosméticos, é utilizada em colares oferecidos por crianças a visitantes pelas ruas, dá nome a hotéis e empresta a cor aos táxis da cidade. Há também uma estátua de rosa no centro da cidade de Kelaat M’Gouna e um festival anual da flor que atraía milhares de pessoas antes da pandemia de covid-19.
O aroma inebriante da rosa damascena, variedade introduzida na época do comércio de caravanas, perfuma sebes e campos irrigados por dois vales entre o Atlas e o deserto do Saara.
A colheita acontece durante uma curta temporada entre abril e maio. O trabalho começa de madrugada e leva cerca de seis horas, antes que o sol danifique as pétalas de um rosa chocante. As flores são eventualmente destiladas em um óleo precioso que custa US$ 18 mil por quilo. Um quilo de óleos essenciais requer entre quatro e cinco toneladas de flores.
Pequenas destilarias locais produzem água de rosas e óleos essenciais vendidos em cooperativas, juntamente com derivados cosméticos, como sabonetes, cremes, perfumes e pomadas.
Segundo o site de notícias Mena FN, o chefe da associação marroquina de produtores e processadores (Fimarose), Rochdi Bouker, vê a rosa como “um motor de desenvolvimento local”, apostando na moda global de matérias-primas naturais e produtos orgânicos.
Para aumentar a renda e combater o êxodo das áreas rurais, o Marrocos deve desenvolver os derivados que gerem mais renda, óleos essenciais e “concreto”, um extrato obtido por solvente que, uma vez filtrado, é altamente valorizado pela indústria de perfumes de luxo, acrescentou Bouker.
As exportações de rosas marroquinas estão atualmente restritas principalmente a águas de rosas e flores secas. Os óleos essenciais respondem por apenas cerca de 50 quilos das exportações anuais e “concreto” por 500 quilos, uma fração dos volumes industriais vendidos pela Bulgária e Turquia, principais concorrentes do ramo, de acordo com a Fimarose.
Na região do Vale das Rosas, os principais compradores são turistas de passagem. Mas com a pandemia, o preço das flores frescas caiu cerca de 30% nos últimos dois anos. A desaceleração veio após um período de expansão, impulsionada pelos esforços do Ministério da Agricultura para desenvolver o setor.