São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quinta-feira (17) análise periódica de sua diretoria sobre a economia do Líbano. De acordo com a instituição, o país “demonstrou resiliência sem igual frente a desafios econômicos de longa duração”.
Os desafios do Líbano não são somente econômicos. “Os diretores [do FMI] apontaram que o conflito na Síria agravou os desafios do Líbano. Nesse sentido, eles elogiaram as autoridades [libanesas] por seu apoio generoso ao receber os refugiados [da guerra síria] e concordaram que o Líbano tem necessidade de auxílio internacional contínuo”, diz nota divulgada pelo Fundo.
O país abriga atualmente cerca de 920 mil refugiados da nação vizinha e, nessa seara, fica atrás apenas da Turquia. A diferença é que a população libanesa é de apenas 6,45 milhões, segundo o Banco Mundial, incluindo os estrangeiros. Já a Turquia tem 82,32 milhões de habitantes.
Isso dito, o FMI constatou que a economia libanesa passa por um período de baixo crescimento. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou somente 0,3%, e a previsão para 2019 é de um aumento de 0,2%. Só em 2020 está prevista uma aceleração para 0,9%, depois para 2,3% em 2021, 2,6% em 2022, 3,1% em 2023 e 2,7% em 2024.
O crescimento fraco de 2018 foi consequência de baixa confiança na economia, alto grau de incerteza, uma política monetária restritiva e uma retração significativa no mercado de imóveis.
A inflação ficou em 6% no ano passado, contra 4,5% em 2017. Isso ocorreu principalmente por causa dos preços altos de combustíveis importados, mas houve um recuo a partir do semestre de 2018.
O déficit fiscal do país subiu para 11% do PIB no ano passado, ante 8,6% em 2017, devido em parte a um aumento dos salários e a novas contratações no serviço público. Segundo o FMI, o Orçamento aprovado pelo Parlamento libanês em julho de 2019 fixou como meta um déficit de 7,6% do PIB com base na prevista adoção de medidas que dizem respeito à arrecadação e aos gastos públicos. Mas os analistas do Fundo avaliam que a estimativa de impacto destas medidas e a projeção de crescimento da economia que consta da peça orçamentária são demasiadamente otimistas e, portanto, o saldo negativo deverá ser maior. A instituição prevê um déficit de 9,8% este ano e de 11,5% em 2020. A dívida pública pode chegar a 155% do PIB este ano.
O FMI ressalta, porém, que em 2018 e 2019 o governo realizou algumas mudanças estruturais, como a reforma do setor elétrico, o que deve contribuir para a redução do déficit fiscal em médio prazo.
O país acumula também déficit em conta corrente, previsto para ficar em 26,4% do PIB em 2019, contra 25,6% em 2018. O saldo negativo nas contas externas, no entanto, deve começar a baixar lentamente a partir do próximo ano.
Ajustes
A diretoria do Fundo recomenda um ajuste fiscal plurianual para reduzir a dívida pública, aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), aumento da base tributária, remoção de isenções, aumento de impostos sobre os combustíveis e eliminação dos subsídios para a eletricidade.
Outras recomendações são uma revisão detalhada dos gastos públicos, a implementação de um plano de investimentos lançado em abril do ano passado e o fortalecimento da rede de proteção social voltada à população mais vulnerável.