São Paulo – A economia dos Emirados Árabes Unidos pode estar atualmente em um “ponto de virada”, segundo relatório preliminar divulgado na quinta-feira (2) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), após visita de equipe ao país. “Alguns brotos verdes estão surgindo, com o crédito interno crescendo, melhora recente do emprego e da chegada de turistas, embora o setor imobiliário siga enfrentando excesso de oferta”, diz Koshy Mathai, que liderou a missão.
De acordo com o FMI, a economia pode estar neste ponto de virada apoiada tanto por fatores internos, como os gastos públicos substanciais feitos especialmente para a Expo 2020 e novos planos de investimentos de entidades ligadas ao governo (GREs), e por fatores externos, como os preços mais altos do petróleo. “Neste contexto, o crescimento pode ultrapassar 2% neste ano e se aproximar de 3% em 2020 e 2021”, disse Mathai.
A equipe afirma que a economia passou por ajustes ano passado, com as reformas – inclusive de organismos do governo e bancos comerciais – e a posição fiscal pesando sobre a demanda total de bens e serviços. O dirham se valorizou frente às moedas dos principais parceiros comerciais dos Emirados e as taxas de juros aumentaram, segundo o FMI. Esse foi o panorama da economia do país em 2018, em cenário de demanda externa fraca e tensões geopolíticas.
O FMI afirma que a economia dos Emirados percorreu longo caminho para a diversificação, mas os gastos do governo e alguns setores ainda são afetados pelas flutuações do preço do petróleo. “Sustentar um forte crescimento após a Expo 2020 e o estímulo fiscal exigirá a capitalização de novos vetores de crescimento descolados dos preços do petróleo, o que, por sua vez, exigirá das autoridades aproveitar o momento das reforma estrutural”, disse Mathai.
O organismo internacional apontou alguns caminhos que considera chaves para o país árabe seguir em crescimento, como a redução da participação do setor público na economia, a modernização do mercado de trabalho, o fortalecimento do mercado financeiro e a promoção da coordenação política e da transparência. A missão do FMI teve encontros com várias autoridades locais, do Banco Central, Ministério das Finanças, Departamento de Finanças de Abu Dhabi, entre outros, e com representantes do setor privado.