São Paulo – A economia da Palestina está se recuperando da recessão causada pela pandemia em 2020, mas só deve atingir o nível anterior à covid-19 no final de 2023. É o que diz relatório da equipe técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), que visitou o país entre o fim de fevereiro e o início de março para avaliar a situação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Na foto acima, fábrica em Gaza.
A Palestina registrou contração econômica de 11,3% em 2020, que teve como fatores a pandemia e o corte de gastos emergenciais pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) associados à cessação das relações econômicas e de segurança com Israel entre maio e novembro daquele ano, segundo o líder da missão do FMI ao país, Alexander Tieman.
A economia palestina se recuperou parcialmente a partir da vacinação no país, na metade do ano passado, chegando a um crescimento de cerca de 6% em 2021. A Faixa de Gaza, se destacada do todo, cresceu apenas 2% por causa do conflito entre Israel e o Hamas em maio do ano passado. O Hamas é o grupo político que controla a Faixa de Gaza.
“Apesar da recuperação, o PIB palestino deverá atingir seu nível pré-pandemia apenas no final de 2023”, disse Tieman. O executivo falou que o setor bancário palestino se recuperou do choque produzido pela covid, conseguindo lucratividade e adequação do capital no final de 2021, em contexto de liquidez crescente, com depósitos ultrapassando em muito a concessão de crédito. A adequação significa que existe proteção contra riscos.
O país, no entanto, enfrenta uma crise fiscal. Apesar do bom desempenho das receitas, os repetidos choques políticos e de segurança, a pandemia, o declínio do apoio dos doadores e as despesas prioritárias em alta resultaram em déficits elevados. A dívida pública aumentou de 34,5% do PIB em 2019 para 49,3% do PIB em 2021.
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Tieman informa que as perspectivas econômicas são “terríveis”, com a dívida em um caminho insustentável e o PIB per capita com perspectivas de queda. Ele afirma que o pano de fundo são o desemprego e a pobreza já persistentemente altos, particularmente em Gaza.
O FMI analisa que para superar os desafios será necessária reforma transformadora, com esforços por parte da Autoridade Nacional Palestina, governo de Israel e comunidade de doadores. Por meio de estratégia macrofiscal de médio prazo, o governo deve investir em projetos de desenvolvimento e gastos sociais para apoiar o povo palestino, mas eles devem ser coerentes com a sustentabilidade da dívida.