Cairo – Os antigos egípcios eram famosos pela arte de esculpir em paredes, pedras, mármores e rochas, o que é revelado pelos murais em templos e sítios arqueológicos do país árabe. Parece que esse talento, herdado desde mais de sete mil anos a.C., não acabou e não vai acabar.
Um artista egípcio chamado Adel Mahmoud cria esculturas utilizando sobras de tamareira resultantes da limpeza e da poda anual que prepara a planta para a produção. Antes, esses restos eram queimados em grandes quantidades, o que leva à poluição ambiental. A província em que Mahmoud cresceu, New Valley, é a maior produtora de tâmaras no Egito e, portanto, a que mais produz sobras de tamareiras.
Em entrevista à ANBA, Mahmoud (foto acima) disse que começou a esculpir em folhas de tamareiras há 25 anos, na sua província. Ela está localizada na fronteira entre o Egito e a Líbia, no deserto, local famoso por abrigar as tamareiras, já que a planta se caracteriza por ser resistente a altas temperaturas e à escassez de água.
O artesão atribui o início da ideia à presença de muitos resíduos agrícolas resultantes da tamareira na região em que vivia e à vontade de aproveitar essas enormes quantidades de sobras de alguma maneira.
Ele explicou que começou a esculpir paisagens e formas naturais que expressam o ambiente e a vida no deserto que caracterizam a província de New Valley. O egípcio descobriu muitos problemas no processo de formulação das obras, o que conseguiu solucionar com esforço e reflexão. Mahmoud se preocupa em preservar a qualidade e solidez do produto final pelo maior tempo possível, garantindo que ele seja seguro para a saúde e para o meio ambiente.
O artesão conta que leva seis meses para preparar o material até que esteja pronto para ser esculpido. O insumo é espalhado na areia para secar, depois passa por fumigação e aí está pronto para ser trabalhado e para que não seja afetado pelas mudanças de clima durante as diferentes estações do ano. Se preservado, o egípcio afirma que o produto dura mais de 20 anos sem alterações. Ele diz que as peças ganham mais beleza com o passar do tempo.
Segundo Mahmoud, as obras são bem recebidas pelos cidadãos egípcios e promovidas em exposições especializadas em produtos artesanais, por meio das quais o artesão alcança seus potenciais clientes. A participação nas feiras foi um dos fatores que levou Mahmoud a desenhar os mais importantes pontos turísticos egípcios, incluindo as pirâmides de Gizé e os templos de Luxor, além de outros famosos monumentos do país.
A boa aceitação também por turistas estrangeiros e visitantes de feiras internacionais especializadas em artesanato no Egito despertou o interesse de Mahmoud em exportar suas obras. No entanto, o marketing e a participação em mostras no exterior, que têm alto custo, ainda são um obstáculo para que as obras saiam das fronteiras do Egito.
*Tradução do árabe de Georgette Merkhan