São Paulo – O egípcio radicado no Brasil Nagib Nassar receberá um prêmio da Kuwait Foundation for Advancement of Science (KFAS) por seu trabalho com pesquisa a respeito do uso da mandioca no combate à fome. O anúncio foi feito em março, mas o prêmio será entregue em dezembro. Nassar, que é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade do Cairo, doutor em Genética pela Universidade de Alexandria e pós-doutor na área pela Universidade da Flórida, dedicou sua carreira à manipulação genética da mandioca.
Os híbridos produzidos por Nassar na década de 1970 foram aproveitados em pesquisas na África Ocidental. “Deles surgiram variedades plantadas em mais de quatro milhões de hectares que alimentam mais de 40 milhões de pessoas”, relatou Nassar para a ANBA. O cientista produziu um híbrido da mandioca com o dobro do teor de proteína do produto convencional.
Nassar, que tem 75 anos, é professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), onde trabalhou por mais de 30 anos. Ele nasceu em Assiut, no sul do Egito, e se mudou para o Brasil em 1974, após os dois países assinarem um acordo bilateral de intercâmbio científico. “Gostei do Brasil, e fiquei ensinando, pesquisando e fazendo melhoramento da mandioca”, afirmou ele por email. O convite para trabalhar no Brasil foi feito pelo Itamaraty.
No Egito, Nassar trabalhava como professor na Universidade do Cairo. Vindo de uma família influente na área política, o pai era deputado e o tio, líder da oposição ao então presidente Anwar Sadat. “Tudo me atraía para ficar no Egito, mas a sedução do Brasil foi muito grande, foi maior”, relatou. Nassar era casado e já tinha suas três filhas. A família chegou a se mudar com ele para o Brasil, mas não se adaptou e voltou ao país de origem após quatro anos.
Assim que desembarcou no Brasil, Nassar foi trabalhar na Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. Depois trabalhou como professor da Universidade Federal de Goiânia, e em 1980 se mudou para Brasília, onde vive até hoje. O egípcio é naturalizado brasileiro desde 1979 e sente muito à vontade na sua segunda casa.
“Estou contente e feliz por ter escolhido o Brasil como segunda pátria. O combate à fome no Brasil é muito bem feito e nós vamos conseguir vencer esta batalha antes de qualquer outro país. Somos pioneiros, somos capazes e daremos exemplo para todo mundo”, afirmou.
Para participar do prêmio promovido pela KFAS é preciso se inscrever. Ele é voltado a cientistas de origem árabe que trabalham mundo afora. “Não foi surpresa, eu tinha grande expectativa. Concorri com cientistas do mundo todo e sempre confiei em minhas obras. Tinha muita esperança porque sempre confiei em minhas obras e histórico acadêmico”, disse. O cientista receberá US$ 100 mil pelo prêmio.