Cairo – A Autoridade Geral de Investimentos e Zonas Francas do Egito (Gafi, na sigla em inglês) planeja realizar na segunda semana de novembro, em São Paulo, uma conferência para apresentar aos empresários brasileiros oportunidades de investimentos no país árabe.
O tema foi discutido nesta quinta-feira (08) pelo vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, e pelo gerente de Relações Governamentais da entidade, Tamer Mansour, com o CEO da Gafi, Mohamed Khodeir, em reunião no Cairo.
A Gafi é uma agência do governo responsável pela atração de investimentos externos e funciona como interlocutora de investidores estrangeiros no país. Para a conferência, a organização pretende também levar uma delegação de empresários egípcios para negociar com companhias brasileiras, com apoio do Conselho Empresarial Brasil-Egito.
A atração de recursos externos é uma prioridade para a nação árabe, que luta para controlar um alto déficit em conta corrente e a falta de moeda estrangeira no mercado local.
Entre os exemplos de oportunidades, Khodeir citou a futura realização de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) de bancos públicos e de empresas do ramo de petróleo. O cronograma deste projeto ainda será anunciado. Nesse sentido, a chefe do Setor de Promoção de Investimentos da Gafi, Eva Seddik, pediu para a Câmara Árabe agendar uma apresentação para o mercado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Hannun e Mansour aproveitaram para reforçar o convite para que a ministra dos Investimentos do Egito, Dalia Khorshid, participe de um fórum econômico Brasil-países árabes que a Câmara Árabe irá promover no início de outubro.
Khodeir solicitou ainda um encontro com autoridades brasileiras para saber mais detalhes sobre os programas sociais que permitiram tirar cerca de 30 milhões de pessoas da pobreza em pouco mais de uma década.
Cooperação
O sucesso das políticas de combate à pobreza no Brasil foi tema de diversos dos encontros que Hannun e Mansour tiveram ao longo desta semana no Cairo, segundo o vice-presidente da Câmara Árabe.
O Ministério da Cooperação Internacional do Egito, por exemplo, quer realizar uma missão ao País para conhecer todos os programas sociais desenvolvidos pelo governo brasileiro, e a ministra Sahar Nasr, da pasta, deseja visitar o Brasil.
O Ministério da Cooperação quer ainda organizar uma feira de produtos brasileiros no Cairo em 2017, para ocupar uma área de mil metros quadrados.
Os egípcios têm interesse em conhecer também projetos em outras áreas, como o incentivo ao desenvolvimento da agricultura familiar e o uso de resíduos para a produção de energia. Estas demandas foram apresentadas pelo presidente do Conselho dos Exportadores de Alimentos e do Comitê Agrícola do Parlamento egípcio, Abdelhamid Demaredash.
Hannun e Mansour de reuniram com Demaredash na sede do Parlamento, na Praça Tahir, no centro do Cairo, pois ele é parlamentar. “Ficamos de conversar sobre o assunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”, disse o vice-presidente da Câmara Árabe.
A Câmara de Comércio do Cairo, por sua vez, solicitou a realização de um workshop sobre o processo de certificação de origem online desenvolvido pela Câmara Árabe, com vistas a adotar um sistema semelhante. A organização tem planos também de organizar uma missão comercial ao Brasil.
Ainda nesta quinta-feira, Hannun e Mansour estiveram no setor de quarentena do Ministério da Agricultura do Egito. Eles falaram sobre a certificação online e o órgão ficou interessado em integrar documentos sanitários ao sistema.
Os executivos solicitaram ainda a ampliação do prazo de validade permitido para carne bovina resfriada de 49 para 70 dias, como ocorre em outros países árabes como Arábia Saudita, Líbano e Argélia, e foram informados que um requerimento neste sentido já foi encaminhado ao Ministério da Saúde.


