São Paulo – Um país que cresceu em média 7% nos últimos três anos, está localizado entre a Ásia e a Europa, tem baixos custos de produção, boa infraestrutura, seis zonas francas e ainda oferece isenções fiscais aos investidores internacionais. Os requisitos se aplicam ao Egito, que foi alvo de seminário, nesta quinta-feira (dia 8), no Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), em São Paulo, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O objetivo era incentivar empresários do setor a participarem de uma missão comercial ao Egito, agendada para maio. Na ocasião, o cônsul comercial da Embaixada do Egito em São Paulo, Mahmoud Mazhar, fez uma apresentação das possibilidades de negócios na terra das pirâmides. (Veja vídeo sobre o seminário abaixo da matéria)
"Os egípcios são como os brasileiros, adoram comprar", disse Mazhar, explicando ainda que, naquele país, o mercado doméstico para veículos cresceu 253% entre 2003 e 2008, uma prova de como as empresas de autopeças do Brasil podem lucrar fornecendo produtos para as montadoras que atuam por lá, 24 ao todo. A população egípcia soma hoje 83 milhões de habitantes, com renda per capita de US$ 5,4 mil.
Mazhar explicou ainda que o Egito possui a maior rede de trens da África, com cinco mil quilômetros de ferrovias, além de uma boa infraestrutura geral de transportes, comunicação e energia. "Temos conexão direta através do Canal de Suez entre o Oceano Índico e o Mar Mediterrâneo. Exportamos até flores frescas para a Europa, de tão perto que estamos", disse. As vendas externas do país dos faraós foram de US$ 29,8 bilhões em 2008, com US$ 56,6 bilhões em importações.
No que se refere aos impostos, é oferecida isenção de determinadas taxas por um período de até dez anos de acordo com o projeto da empresa e com a demanda do que ela produz no mercado local. "Ainda garantimos 100% de capital estrangeiro na formação e totais direitos sobre lucro e remessa de dividendos, entre outros pontos", afirmou Mazhar.
De acordo com o secretário geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, o governo egípcio tem procurado a instituição há algum tempo com o objetivo de atrair empreendedores do setor automotivo brasileiro. E o mercado de reposição de peças naquele país é forte. "O número de carros que circula no Cairo é grande como em São Paulo, só que lá usa-se mais buzinas do que aqui", brincou. "Temos tudo para ter sucesso nessa missão, com grandes possibilidades de contatos direto com os empreendedores locais", disse.
Para a viagem, estão previstas reuniões com o Ministério dos Investimentos e com a Autoridade Geral de Investimentos Estrangeiros, além de visita a uma zona franca e pelo menos duas montadoras.
Representante da divisão de comércio exterior do Sindipeças no seminário, Marcio Faveri, disse que o sindicato aposta no Oriente Médio. "Trata-se de um mercado a ser melhor explorado, com frotas similares a que temos no Brasil", disse. O setor nacional de autopeças faturou R$ 66,5 bilhões no ano passado, com investimentos de R$ 900 milhões. As vendas externas foram de US$ 6,6 bilhões, tendo como principais compradores Argentina, Estados Unidos, Alemanha, México e Venezuela.
Os países árabes não aparecem no ranking dos vinte maiores parceiros comerciais, cenário que deve começar a mudar nos próximos anos. Principalmente no que se refere ao Egito. Pelo menos essa é a aposta do diretor da fabricante de espelhos e lanternas Cofran, de São Caetano do Sul, estado de São Paulo, Márcio Codogno. "Já exportamos para mais de 20 países, inclusive do Oriente Médio. O interessante, no caso do Egito, foi descobrir o quão desenvolvido está o mercado local, observar sua posição estratégica e as isenções fiscais oferecidas", afirmou Codogno, ele próprio um dos candidatos a participar da missão comercial organizada pela Câmara Árabe em maio.