São Paulo – As exportações de carne de frango para o Egito se destacaram no primeiro semestre do ano, com um avanço de 40% em volume sobre o mesmo período do ano passado, somando 76 mil toneladas. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) nesta terça-feira (11).
Dentre os principais mercados de destino da carne de frango brasileira, o país do norte da África foi o único dos árabes a apresentar crescimento. “O Egito é mesmo o grande destaque da região”, disse Ricardo Santin, vice-presidente e diretor de mercados da associação. Segundo ele, a influenza aviária prejudicou a produção naquele país que, ao mesmo tempo, experimenta um momento de aumento de consumo dessa proteína.
“A influenza aviária afetou também outros mercados próximos. Isso, aliado ao custo favorável do produto brasileiro, ajudou a melhorar nossa posição no Egito”, afirmou Santin.
No sentido oposto, as exportações para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, outros três países árabes entre os dez maiores destinos da carne de frango brasileira no primeiro semestre, caíram. No maior comprador do produto nacional, a Arábia Saudita, o recuo chegou a 16%, somando 321 mil toneladas, contra 380 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2016.
Os Emirados compraram 145 mil toneladas nos primeiros seis meses do ano, volume 9% inferior e que coloca o país na sexta posição no ranking do semestre, superado pela África do Sul. Para o Kuwait foram enviadas 61 mil toneladas de carne de frango, queda de 6% – o país é o nono maior destino, uma posição atrás do Egito.
Para o Oriente Médio, em geral, os embarques caíram 10%, para 717 mil toneladas. A região, porém, permaneceu como a maior compradora do produto. “É reflexo da situação do mercado local. Na Arábia Saudita havia níveis altos de estoque e a situação econômica do país também fez com que houvesse redução no consumo”, explicou o vice-presidente da ABPA.
Projeções revisadas
Os reflexos da Operação Carne Fraca foram sentidos no resultado das exportações de carne de frango no primeiro semestre: em volume, os embarques totais somaram 2,121 milhões de toneladas, 6,4% abaixo do somado em igual período de 2016.
“Temos que recuperar o que perdemos no primeiro semestre. Ainda assim não estamos pensando em queda nas exportações”, afirmou Francisco Turra, presidente da ABPA, que divulgou expectativa de crescimento de 1% nos embarques de carne de frango até o final de 2017 – estimativa inferior à anunciada no fim do ano passado, quando a associação esperava de 3% a 5% de avanço nas vendas externas do setor.
A associação considera a Operação Carne Franca página praticamente virada. Poucos países ainda mantêm suspensões à importação da carne brasileira. Segundo cálculos da ABPA, eles equivalem apenas a 0,42% do total do volume de exportações do setor.
A Carne Fraca é uma operação da Polícia Federal que foi deflagrada em março para investigar suspeitas de irregularidades em frigoríficos e na atuação de fiscais do Ministério da Agricultura.
O vice-presidente Santin considera relevante o fato de que o Brasil não perdeu participação no mercado global de carne de frango, onde é principal ator. Segundo ele, a queda em volume de exportações ocorreu mais pela redução nas compras dos clientes do que por substituição por outros países de origem. “Não houve busca nos mercados concorrentes”, garantiu Santin.
Segundo o presidente Turra, um fator que comprova a credibilidade da carne de frango brasileira nos mercados internacionais é o preço. As indústrias não baixaram suas cotações mesmo com as divulgações da operação da Polícia Federal. Ao contrário: eles foram corrigidos para cima, acompanhando a menor oferta global do produto ocasionadas por diversos fatores, entre eles a influenza aviária.
A receita com os embarques fechou o semestre em crescimento de 5,9%, somando US$ 3,585 bilhões.