Cairo – Em coordenação com a Autoridade Geral de Investimentos e Zonas Francas (Gafi), o Ministério das Finanças do Egito está estudando a possibilidade de determinar o uso da libra egípcia pelas agências marítimas que operam no território do país. Em carta, o ministro das Finanças, Mohamed Maait, informou ao presidente da Federação Geral das Câmaras de Comércio do Egito, Ibrahim El-Araby, que a Gafi foi orientada a estudar até que ponto as agências marítimas poderiam, em detrimento das moedas estrangeiras, trabalhar com o dinheiro egípcio junto a companhias de transporte marítimo. A medida não incluiria o pagamento dos fretes das cargas em si. Na foto acima, porto egípcio.
A Federação Geral das Câmaras de Comércio do Egito apresentou ao Ministério das Finanças a sugestão de interromper esse comércio em dólares no território egípcio para diminuir as despesas adicionais resultantes das multas de demurrage, que são pagas na moeda norte-americana para operadoras de transporte marítimo. A demurrage é uma indenização diária para o transportador pelo importador quando esse último permanece em posse do contêiner por um período superior ao tempo acordado. O pagamento em libras egípcias incluiria outras taxas praticadas nos portos.
Várias empresas egípcias apoiaram a sugestão, ressaltando que ela vai contribuir na redução do custo de importação das mercadorias, além de facilitar a liberação alfandegária. A diretora geral da empresa de transporte GCS, Dina Sadek, disse que a decisão, se efetivada, terá efeitos muito bons para as empresas egípcias, mas ela acredita na objeção das agências marítimas. A executiva afirma que as empresas egípcias pagam multas e despesas com segurança, transporte, carga e descarga em moeda estrangeira, e as empresas que prestam esse tipo de serviços são egípcias. Os envios dessas moedas ao exterior, posteriormente, causa diminuição nas reservas de moeda estrangeira, alerta ela.
A executiva acredita que, caso a decisão entre em vigor, vai contribuir significativamente na redução do custo das importações, o que, por consequência, afeta o preço do produto final. Ela lembra que todas as despesas pagas pelo importador atualmente também se refletem em custos para o consumidor. Segundo Sadek, as taxas para as quais poderia haver substituição dos dólares por moeda egípcia representam 20% a 25 % do volume das transações financeiras nos portos egípcios. Ela afirma que é um percentual muito grande que vai contribuir para reduzir a crise do dólar no país.
O chefe da Divisão Internacional de Serviços de Transporte e Logística da Câmara de Comércio do Cairo, Ayman El-Sheikh, defende a necessidade de que seja feito estudo para avaliar a situação atual e tomar a decisão de pagar todos os serviços logísticos nos portos egípcios em moeda local, exceto os custos do frete, já que – ele lembra – as empresas que operam as linhas de transporte marítimo seguem políticas internacionais, de acordo com os países às quais pertencem.
Em comunicado exclusivo à ANBA, ele destacou que o Egito está bem posicionado no setor, com as companhias marítimas internacionais buscando fazer investimentos no país e todos devem se submeter às normas, controles e regras do sistema egípcio, de acordo com o interesse geral do país. Segundo El-Sheikh, os importadores sofrem para encontrar moeda estrangeira para pagar as mercadorias importadas por cartas de crédito e, portanto, quitar ainda taxas da descarga, segurança e multas em dólar aumenta o preço do produto importado e eleva o seu custo ao consumidor.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari