Cairo – O ministro da Indústria e Comércio do Egito, Rachid Mohamed Rachid, pretende viajar novamente ao Brasil este ano, acompanhado de uma delegação empresarial, para promover as relações entre os dois países nas áreas de comércio, turismo e investimentos. A informação foi dada ontem (28) pelo próprio ministro durante encontro, no Cairo, com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, e o secretário-geral da entidade, Michel Alaby.
“Na última viagem que fiz ao Brasil me acompanharam 25 empresários. Espero desta vez poder dobrar esse número e levar comigo ao menos 50”, disse Rachid. Ele esteve no país pela última vez em agosto do ano passado. O ministro destacou que a visita foi decisiva para conscientizar políticos e empresários egípcios sobre a importância de ampliar o trabalho com o Brasil.
A nova viagem poderá ocorrer em julho. “Mais do que nunca nosso governo começa a se interessar pelo Brasil e considero isso muito positivo, pois sou um dos que mais pregam uma maior aproximação”, afirmou Rachid. Ele acrescentou que a intensificação das relações vai ocorrer na medida em que os interesses comuns entre os dois países forem multiplicados em todos os setores. O ministro ressaltou que instituições de prestígio, como a Câmara Árabe, facilitam muito este processo, já que atraem a confiança dos governos e dos empresários.
Schahin, por sua vez, declarou que os dois países devem aproveitar o momento para consolidar não somente o relacionamento comercial, mas também nas áreas de turismo e investimentos. Ele destacou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está profundamente empenhado na aproximação com o mundo árabe. O embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio, participou da reunião.
Ontem também, os diretores da Câmara Árabe e o embaixador foram recebidos pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa. Schahin ressaltou o papel central desempenhado por Mussa na aproximação entre o Brasil e os países árabes, na concretização da Cúpula América do Sul-Países Árabe (Aspa), que já teve duas edições, e destacou o visível aumento das relações comerciais.
“Nossas relações comerciais com o mundo árabe chegaram a US$ 21 bilhões, uma diferença bastante importante em relação aos US$ 6 bilhões que tínhamos há alguns anos”, declarou Schahin. Segundo ele, no primeiro trimestre deste ano as exportações do Brasil aos árabes aumentaram 4,1 %, enquanto que com o mundo elas diminuíram 19% por causa da crise internacional.
De acordo com o presidente da Câmara Árabe, esse fato mostra a dimensão que as relações com o mundo árabe estão adquirindo para o Brasil. Ele acrescentou que uma das provas do interesse do Brasil é a visita que o presidente Lula fará à Arábia Saudita em maio, sua quarta viagem à região.
Schahin destacou que espera que as relações com o mundo árabe possam evoluir muito mais e se estender para além do comércio. “Gostaria que as relações culturais, do turismo e da sociedade civil também possam se intensificar e concretizar o seu potencial”, disse.
Casa de Cultura
Ele falou sobre seu projeto de criação de uma Casa de Cultura Árabe em São Paulo, a exemplo das que já existem em Paris e em Madri. Mussa se entusiasmou com a idéia, se dispôs a apoiar plenamente a iniciativa e vir ao Brasil para a inauguração. “Temos no mundo árabe uma vasta gama de organizações que já trabalham nessa área com outras regiões do mundo. Elas devem tomar consciência da importância de se olhar mais para países como o Brasil e da América do Sul, onde os povos se parecem muito mais conosco do que os de qualquer outra região”, declarou o secretário-geral da Liga.
Schahin disse ainda da intenção do Brasil de ter um papel mais importante nas negociações de paz no Oriente Médio. “Temos, no Brasil, uma experiência muito interessante de convivência e diálogo entre diferentes comunidades, e por isso, talvez, possamos contribuir de maneira construtiva para melhorar a comunicação e a busca da paz no Oriente Médio”, declarou. “Além disso, visto que o Brasil está cada vez mais presente nas importantes questões mundiais, é natural que ele possa ter um papel de mediação”, acrescentou.
Além de Schahin, Alaby e Melantonio, participaram da reunião com Mussa o conselheiro da embaixada brasileira, Otavio Chelotti, o chefe do departamento da América Latina na Liga Árabe, Ibrahim Moheildin, e as assessoras Heba Cajiji e Mona Al Eguezi.
Entre os dois encontros, Schahin e Alaby tiveram um almoço com lideranças empresariais locais na residência do embaixador Melantonio, entre eles o presidente da Federação de Câmaras de Comércio do Egito, Khaled Abou Ismail, o presidente da Associação dos Empresários Egípcios (EBA), Hussein Sabbour, o presidente da Federação das Indústrias Egípcias, Galal El Zorba, além de Raouf Ghabbour, do grupo Ghabbour, e Abdel Wahab Mansour, do grupo Lotas.