Cairo – O crescimento da economia egípcia poderá chegar a 5,5% durante o ano fiscal 2009/2010, afirmou o ministro dos Investimentos do Egito, Mahmoud Mohieldin, na 15ª edição da conferência Euromoney, que ocorreu esta semana no Cairo. A notícia foi divulgada por vários jornais e outras publicações do país.
Esse evento anual é uma ocasião na qual o governo egípcio explica suas decisões aos investidores estrangeiros e locais para mostrar que o país está adotando medidas adequadas. “A economia egípcia cresceu 4,7% em 2008/2009, acima das expectativas da maioria dos analistas”, disse Mohieldin. “Ela teria crescido 5,5%, ou até muito mais, em outros cenários”, acrescentou. De acordo com o ministro, além desse dado positivo, a diversidade dos setores do país também funciona como uma força motriz para o crescimento.
Durante sua apresentação, Mohieldin comemorou a redução da inflação no Egito, que passou de 18% em 2008 para 10% em 2009, assim como a diminuição da taxa de desemprego, que baixou de 11% para 9% nos últimos cinco anos.
“Tentando mostrar a metade cheia do copo, ele citou várias áreas que necessitam de atenção para que a taxa de crescimento egípcia possa se traduzir em uma melhora real na qualidade de vida dos egípcios”, afirmou a analista Nevine Hussein, do Centro Egípcio de Estudos Econômicos. Entre essas áreas estão infraestrutura, saúde, educação, mais empregos e melhores salários.
O ministro ressaltou o desenvolvimento da infraestrutura, assim como a criação de incentivos ao aumento do número de pequenas e médias empresas que representam, segundo ele, 90% dos empreendimentos no Egito.
Para ilustrar suas afirmações, o ministro citou o relatório Doing Business, do Banco Mundial, segundo o qual o Egito avançou da 126ª posição para a 24ª no ranking de facilidade para abrir uma empresa.
Ele afirmou que de 10 bilhões de libras egípcias (US$ 1,82 bilhão) foram investidas no desenvolvimento da infraestrutura em 2008. Mohieldin admitiu, no entanto, que em 2009 o orçamento para esse setor se limitou à realização de projetos já existentes. Novas iniciativas tiveram que ser adiadas.
Segundo Mohieldin, o Egito tem como objetivo o aumento dos investimentos privados, para que estes cheguem a 135 bilhões de libras egípcias (US$ 24 bilhões) durante o ano fiscal 2009/2010, ante 120 bilhões libras (US$ 21 bilhões) no período anterior.
Durante a conferência, o diretor administrativo da Euromoney, Richard Ensor, felicitou o Egito por estar entre os seis países com maior taxa de crescimento do PIB, mas questionou se o programa de reformas adotado pelo país, que utiliza o modelo do FMI de abertura de mercados e incentivo aos investimentos estrangeiros diretos (IED), pode resistir na situação de crise da economia.
Por outro lado, mohieldin rebateu alegações de que a economia egípcia teria se aberto excessivamente, explicando que o país experimentou e rejeitou o sistema de centralização nos anos 60. Para ele, não existe alternativa à economia de mercado em prática hoje no Egito. O ministro disse que com o desenvolvimento de uma nova e melhor infraestrutura, especialmente na área da dessalinização de água e no setor de energias renováveis, o Egito pode atrair um maior fluxo de investimentos.