São Paulo – As exportações de produtos agrícolas e alimentos processados do Egito somam cerca de US$ 4,9 bilhões por ano e vão para 130 mercados, mas o país quer dobrar esta receita no prazo de cinco a oito anos, segundo disse à ANBA nesta sexta-feira (03) o presidente do Conselho de Exportação Agrícola da nação árabe (AEC, na sigla em inglês), Abdel Hamid Demerdash. Para tanto, os egípcios querem cooperação do Brasil para aumentar sua produtividade.
“Um dos temas mais importantes que discutimos foi como trocar informações e tecnologias na área agrícola entre os dois países, por exemplo, entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a nossa ‘Embrapa’ (instituto de pesquisa) local”, afirmou Demerdash por telefone, referindo-se a uma reunião que ele teve na quinta-feira (02), no Cairo, com o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, o diretor-geral da entidade, Michel Alaby, e o gerente de Relações Governamentais Tamer Mansour.
De acordo com ele, os egípcios querem, por exemplo, informações sobre novas variedades de cana-de-açúcar para ampliar a produtividade das lavouras existentes no Alto Egito, região Sul do país onde há usinas de açúcar, além do fornecimento de máquinas para plantio e colheita. Querem também desenvolver a produção de outros produtos da cana, como etanol e fertilizantes a partir do bagaço.
Como a agricultura do Egito é realizada majoritariamente em pequenas propriedades, Demerdash destacou que há interesse em trocar informações com o Brasil nas áreas de agricultura familiar e cooperativismo. “São propriedades muito pequenas, no máximo de meio hectare”, disse. “Temos cooperativas, mas gostaríamos de conhecer o exemplo do Brasil”, acrescentou.
Além disso, ele ressaltou que os egípcios querem conhecer melhor programas sociais brasileiros, como o Bolsa Família, de transferência de renda para famílias carentes.
Investimentos
O Egito busca ainda atrair investimentos para o setor agrícola. Segundo Demerdash, que é também parlamentar, há um plano do governo de desenvolver 1,5 milhão de acres (607 mil hectares) no deserto para lavouras, com uso de água de poços.
Tradicionalmente, a agricultura egípcia se desenvolveu às margens do Nilo e na região do Delta, no Norte do país. Ele acrescentou que investidores de países como Itália, Espanha e Inglaterra já manifestaram interesse no projeto, e gostaria de apresentá-lo aos brasileiros.
Os exportadores da nação árabe pretendem também mostrar seus produtos ao público brasileiro com o objetivo de incentivar as exportações, e têm intenção de fazer isso na próxima edição da Feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), que será realizada em maio, em São Paulo.
Como exemplos de itens que podem ser vendidos ao Brasil, Demerdash citou romãs, laranjas, mangas, uvas, tâmaras, batatas e cebolas.