Cairo – O presidente da Autoridade Egípcia de Promoção dos Investimentos, Assem Ragab, anunciou esta semana um plano do governo para estancar a redução dos investimentos diretos estrangeiros no país. A notícia foi anunciada esta semana e publicada em vários jornais egípcios, como Al Ahram e Al Akhabar. Segundo Ragab, o principal objetivo do plano é tentar ajudar o país a enfrentar os tempos de crise.
"Como atenuar as repercussões da atual crise internacional sobre os investimentos no Egito? Esta foi a pergunta que fizemos, mas a resposta não parece muito fácil", afirmou ele, esclarecendo que as dificuldades não impediram o organismo de elaborar um plano de trabalho com este objetivo. O seu principal pilar consiste no investimento de 15 bilhões de libras egípcias (US$ 2,7 bilhões) na criação de projetos que deverão ser concretizados em parceria como o setor privado.
"O objetivo desta iniciativa é reforçar a confiança do setor privado num momento de crise como o que estamos atravessando", afirmou Ragab. O ministro das Finanças egípcio, Boutros Ghali, confirmou também que o governo egípcio tem intenção de participar com os 15 bilhões de libras egípcias em projetos de parceria público privado (PPPs).
O presidente da Autoridade de Promoção de Investimentos manifestou, por outro lado, sua consciência e preocupação com a baixa nas exportações egípcias, provocadas pela recessão mundial e pelas medidas protecionistas que os principais parceiros econômicos do Egito, como os Estados Unidos, estão prevendo adotar.
Ragab também espera atrair para o Egito algumas das empresas que estão fechando na Europa e em vários outros países, defendendo que o custo da produção no Egito é bastante inferior ao dos países europeus e mesmo de alguns países asiáticos. "O custo de nossa produção tornou-se o mesmo da China", afirmou Ragab. Ele explica que o custo da produção chinesa aumentou e por isto o Egito deve aproveitar a proximidade dos mercados europeus e dos países do Oriente Médio, o que reduziria sensivelmente o preço dos produtos em razão dos transportes mais baratos.
Além disso, o fato do Egito ser membro da Organização Mundial do Comercio (OMC) e de ter assinado inúmeros acordos multilaterais de livre comércio dá ao país acesso a inúmeros mercados com tarifas aduaneiras reduzidas e, em alguns casos, até a isenção destas tarifas. "Cinco mil usinas já fecharam suas portas na China. Acho que poderíamos atrair pelo menos algumas delas aqui para o Egito", afirmou Ragab.
Os baixos custos da produção ou as subvenções às exportações não impedirão, entretanto, a crise no Egito. Ragab admite que os investimentos no país já estão diminuindo. "Certas empresas que estavam prevendo investir no Egito, estão adiando seus planos. E todos aqueles que utilizavam nosso país como centro de produção e reexportação deverão rever seus planos, pois seus próprios países estão em recessão", explica ele. Já no terceiro trimestre de 2008, os investimentos estrangeiros (IDE) caíram quase 44% em relação ao mesmo período no ano anterior no Egito.