Alexandre Rocha
alexandre.rocha@anba.com.br
São Paulo – Microempresas dos segmentos de eletrônica e informática de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, querem dar seus primeiros passos no mercado externo. Para começar a entender melhor como funciona o comércio exterior, em especial o mercado árabe, representantes destas companhias estiveram ontem (15) na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, onde foram recebidos pelo coordenador de desenvolvimento de mercados, Rodrigo Solano, e pelo analista de comércio exterior, Zein El Abdine.
As companhias fazem parte do Programa Municipal de Incubação de Empresas (Prointec), incubadora criada pela prefeitura de Santa Rita que conta com o apoio de uma série de outras entidades, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
"Elas ainda não ultrapassaram a barreira do mercado interno, mas visam sim o mercado externo. Por que não?", disse o diretor do Prointec, José Alfredo Carneiro Filho. "Elas precisam de capacitação para abrir mercados, para se internacionalizar", acrescentou Joaquim Teixeira Garcia, consultor do grupo. As empresas buscam baixos custos de produção e operação dos equipamentos, justamente para competir com produtos de outras origens, especialmente os chineses.
A região de Santa Rita é conhecida como o Vale da Eletrônica, um arranjo produtivo local (APL) de empresas do setor. O Prointec, criado em 1999, reúne hoje 11 empresas em processo de consolidação. "No Brasil, o índice de mortalidade de empresas criadas em incubadoras é de apenas 20%, enquanto que fora delas o percentual é de 60%", afirmou Carneiro.
As empresas do programa funcionam todas no mesmo local e se complementam. Ou seja, é possível comprar um pacote de produtos e serviços oferecidos por mais de uma delas. "A vantagem do APL é que ele gera parcerias, você cria um produto e um terceiro pode fabricá-lo", disse Sergio Luiz Carletti da RPS Teleinformática, uma das companhias do grupo. "Diferentemente dos chineses, nós conseguimos integrar diferentes produtos e serviços", acrescentou Paulo Henrique Lopes, da CODEsis. A terceirização garante também escala de produção.
A empresa de Carletti fabrica equipamentos para controle de cargas elétricas à distância. Com eles, um hotel, por exemplo, pode controlar a luz dos quartos a partir de um terminal de computador instalado na administração. Já a companhia de Lopes pode criar a interface para que os mesmos aparelhos possam ser controlados de um local ainda mais distante, por meio de sinais de telefonia celular.
A CODEsis oferece também monitores 3D que dispensam o uso de óculos especiais. Eles podem ser utilizados para o desenvolvimento de projetos de engenharia e também como instrumento de marketing, para exposição de imagens de produtos em três dimensões em um supermercado, por exemplo.
A JRR Sistemas, por sua vez, desenvolve softwares sob medida. "Desenvolvemos tecnologias de acordo com as necessidades do cliente", disse Júlio Resende Ribeiro, diretor de pesquisa e desenvolvimento da empresa. A companhia forneceu programas para concessionária que administra a Via Dutra, uma das principais estradas do Brasil, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Entre eles, o software de cobrança e auditoria dos pedágios.
Já a Neomera produz equipamentos de monitoramento remoto de patrimônio. "Os exemplos clássicos de clientes são as operadoras de telefonia celular", afirmou o diretor técnico da empresa, Rogério Monti. As operadoras têm instalações, como torres por exemplo, que ficam distantes dos centros administrativos e que sofrem com furtos e atos de vandalismo.
A tecnologia da Neomera integra sensores de movimento e câmeras que serão acionados caso haja uma invasão. As imagens são transmitidas por telefonia celular, mas apenas quando houver espaço na rede, o que impede transtornos aos usuários por causa de sobrecarga.
Na área médica, a 3J Tecnologia desenvolveu um aparelho de diagnóstico auditivo que funciona ligado a um computador e uma impressora comuns. Este equipamento serve para realizar exames externos, mas a empresa já está desenvolvendo dois outros para análises do ouvido médio e do ouvido interno. A 3J mantém negociações para exportar ao Peru.
E para que todos estes aparelhos funcionem sem problemas com sobrecargas na rede elétrica, a Electrotech fabrica protetores de rede para que os equipamentos eletrônicos não queimem. Ela faz também filtros para linhas telefônicas que diminuem o nível de ruídos e está desenvolvendo um ar-condicionado para carros de baixa potência.
Graduação
O Prointec, que dá apoio técnico, logístico e financeiro para as novas empresas, tem um portfólio de 26 empresas "graduadas", ou seja, que já passaram pelo programa e agora andam com as próprias pernas. Para entrar no programa, os interessados têm que obedecer aos requisitos de um edital de seleção e o projeto deve ser aprovado por um conselho de cinco membros.
O tempo de maturação das companhias varia de 24 a 36 meses, mas mesmo após a graduação elas continuam a receber ajuda da prefeitura, como subsídio ao aluguel de um imóvel, por exemplo.
Contatos
Prointec
José Alfredo Carneiro Filho
Tel: +55 (35) 3471-4287 / 3473-0970
E-mail: jalfredo@prointec.com.br
Site: www.prointec.com.br
RPS Teleinformática
Sergio Luiz Carletti
Tel: +55 (35) 3471-3030
E-mail: rpsteleinformatica@yahoo.com.br
CODEsis
Paulo Henrique Lopes
Tel: +55 (35) 8802-1339
E-mail: paulohl@codesis.com.br
JRR Sistemas
Júlio Resende Ribeiro
Tel: +55 (35) 3471-4287
E-mail: julio@jrrsistemas.com.br
Neomera
Rogério Monti
Tel: +55 (35) 3471-4287
E-mail: rogerio.monti@neomera.com
3J Tecnologia Eletrônica
Juliano Bráz dos Santos
e Flávia Magalhães do Couto
Tel: +55 (35) 3471-3053
E-mail: braz@3jtecnologia.com.br e flavia@3jtecnologia.com.br
Site: www.3jtecnologia.com.br
Eletrotech
Evandro Albino
Tel: +55 (35) 3471-4466
E-mail: evandroalbino@eletrotech.com.br
Site: www.eletrotech.com.br