São Paulo – Linhas focadas na hidratação dos cabelos estão entre as de maior destaque de empresas brasileiras que exportam aos árabes. Mas um dos itens de maior sucesso dentro das embalagens Made in Brazil curiosamente tem origem em um desses países. O óleo de argan é extraído de uma árvore que cresce no Marrocos.
A companhia brasileira Inoar Cosméticos é um exemplo de marca que tem na linha com óleo de argan um dos principais produtos exportados à região do Oriente Médio e Norte da África (MENA, na sigla em inglês). “O óleo de argan tem muito sucesso em todos os países, mas especialmente nos países árabes ele tem um reconhecimento maior. Isso inclui saberem sobre a qualidade, performance, fragrância e a matéria-prima. Então, a linha de argan realmente tem muito sucesso lá”, disse Horário Lira, diretor de Comércio Exterior da Inoar Cosméticos.
A empresa, inclusive, quer ampliar suas vendas para lá. “Esse bloco [árabe] é muito importante para a Inoar. Nós estamos em constante procura de expansão. Nós já temos algumas presenças bastante relevantes em alguns países e em outros estamos investindo para fazer crescer, como, por exemplo, o Marrocos”, apontou Lira.
Outros produtos que a empresa investe quando o foco são os países árabes, são opções ligadas à manutenção dos fios, como o Thermoliss e o DayMoist. “São produtos que têm muita aceitação em todos os países. E no mundo árabe não deixa de ter muito sucesso tanto entre profissionais, que é a linha para o salão, quanto para o consumidor, que é a manutenção que a pessoa pode usar no dia a dia”, contou ele sobre as linhas, que são todas premium.
Outra empresa que exporta cosméticos que levam óleo de argan é a Agilise. Os produtos com argan são vendidos para diversas nações, incluindo países árabes como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Líbia, Marrocos e Arábia Saudita. “Sem contar que alguns desses produtos fazem um sucesso enorme em nossa loja de Dubai”, contou Caio Lopes, responsável pelo setor de exportação da empresa.
A companhia brasileira tem o ingrediente em produtos de diferentes linhas, como a Máscara Nutritiva de Açaí, Máscara Regeneradora Pro-Age, K1 Pérola Alisante, Leave In, e a linha Home Care K1 Pérola (xampu e condicionador).
Apesar do bom desempenho dos produtos, o executivo vê abertura no mercado árabe também para outros ativos. “Já tivemos uma maior procura. Hoje, acredito que pela facilidade de informação, temos procura por diversos óleos, extratos. Além de argan, também há ojon, macadâmia e goiaba, por exemplo”, citou Lopes.
A matéria-prima também está presente em produtos de outras empresas brasileiras, como a Korban Professional e O Boticário.
De volta ao Marrocos
O país onde o óleo de argan surgiu é um dos principais destinos das preparações capilares do Brasil. No período de janeiro a abril deste ano, o Marrocos foi o quarto comprador árabe desse setor dos produtos brasileiros.
Para Lira, a importância está, principalmente, por sua relevância na região do Norte da África. A nação já foi responsável pela maior fatia nas exportações da Inoar anteriormente. Agora, a marca quer recuperar esse desempenho para também conseguir abrir espaço nos mercados vizinhos, como a Argélia e a Tunísia. “São países que nos interessam muito e que já recebem produtos muitas vezes por vias indiretas, através de habitantes da Europa que, por conhecerem e gostarem da marca, enviam para seus países de origem”, contou o diretor da Inoar.
A ideia agora é reproduzir no Norte da África ações como as que já são desenvolvidas em nações como o Iraque. “O nosso importador lá faz capacitação com apresentações belíssimas em hotéis de prestígio e a marca é considerada de luxo. Eles valorizam muito o selo de produto brasileiro e qualidade”, explicou ele.
Expansão
Apesar do trabalho já desenvolvido na região, Lira ainda vê muito espaço para crescer. Nos planos, estão gigantes como a Arábia Saudita, para onde a Inoar ainda não exporta. “Está nosso radar. Nós temos bastante consulta dos países do Golfo”, disse.
Outro mercado que está em processo de abertura é o Egito, onde já houve pedidos pelos cosméticos da empresa. “O produto é muito bem aceito naquela região. Aonde ainda não chegou, é uma questão de tempo”, afirma Lira.
Hoje, a Inoar exporta para mais de 40 países e um portfólio com mais de 300 produtos. Para fazer o consumidor conhecer a marca, os executivos revelam que se concentram primeiro no relacionamento com seus representantes. “O mais importante é ter um bom parceiro. Fazemos uma análise criteriosa deles, porque apostamos que o parceiro vai desenvolver o produto no mercado local. E para nós é muito importante porque quanto mais vender o produto lá fora, mais as pessoas estão vendendo aqui também”, disse Mauro Sato, analista de Comércio Exterior da Inoar.