São Paulo – Cenas cotidianas de um pequeno país do Golfo são a matéria-prima do fotógrafo Ishaq Madan. Nascido e criado em Manama, capital do Bahrein, ele é autodidata e contribuiu com uma das fotografias que fez o Clube de Fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, vencer o prêmio The Webby Awards. O clique de Madan agora está, inclusive, em exposição em uma estação de metrô de Nova York.
Ele começou a fotografar utilizando a ferramenta que tinha à disposição antes mesmo de se profissionalizar: o celular. “Comecei a me dedicar a essa arte em 2011, quando a fotografia com smartphones começou a se popularizar. Lembro que uma das minhas fotos tiradas em um iPhone foi exibida na Galeria Al Riwaq para uma iniciativa de caridade”, revelou ele, que formalmente cursou áreas relacionadas ao setor financeiro, onde trabalhou por cinco anos em várias instituições. A galeria citada por ele fica em Manama.
O fotógrafo já citou em mais de uma ocasião que uma de suas motivações é registrar e mostrar o Bahrein ao mundo. Agora, ele próprio está conquistando novos territórios. “Acho a fotografia uma porta de entrada para experimentar coisas novas e fazer networking com novas pessoas. Já estive em lugares e conheci pessoas que não teria sido capaz de vivenciar se não praticasse a fotografia. Tem sido uma aventura interessante até agora”, disse.
Mas e o Bahrein, como vê e vive o mundo da arte hoje? “O Bahrein é uma ilha repleta de muitos talentos explorando muitos tipos de formas de arte. Temos artistas veteranos como Sh. Rashid bin Khalifa Al-Khalifa representando o Bahrein em nível internacional, e artistas emergentes como Abdulla Buhijji, Noor Al-Alwan e Mustafa Bastaki que conquistam a região. No entanto, acredito que o Bahrein tem mais espaço para melhorar no que diz respeito à representação e educação artística”, concluiu ele.
Exportando arte
O fotógrafo tem alcançado compradores de diferentes perfis e países. “Tem sido uma experiência surreal, pois tive compradores adquirindo minhas obras de todo o mundo, como Estados Unidos, Reino Unido e Emirados. Os tipos de compradores dependem do tipo de edição, por exemplo, tenho colecionadores particulares comprando obras de edição limitada. Espero que um dia os museus escolham meu trabalho, pois isso seria a maior honra para mim”, disse.
O artista também já trabalhou no exterior. “Eu acho que é importante para um artista ampliar sua perspectiva”, afirmou ele, que desenvolveu projetos em países do Golfo, além de Reino Unido e Portugal, ao longo dos últimos anos.
Uma das ferramentas utilizada pelo fotógrafo para ampliar sua visibilidade é a internet. Em redes como o Instagram, Ishaq Madan tem cerca de 20 mil seguidores. “Tive a sorte de alavancar a internet para estabelecer uma rede de negócios e conversar com artistas com ideias semelhantes, assim, isso me ajudou a facilitar meu engajamento e alcance com potenciais compradores. A internet certamente reduziu a vastidão do mundo, pois tudo agora está ao nosso alcance. É claro que as galerias ainda são importantes, pois abrem portas para diferentes avenidas de oportunidades, em oposição à internet”.
No mercado de fotografia no Bahrein, o profissional vê futuro de crescimento tanto no meio físico ou digital. “Acredito firmemente que a indústria aqui precisa de uma associação oficial para regular e manter a credibilidade, responsabilidade e transparência”, revelou ele.
Em longo prazo, as expectativas do fotógrafo são boas. “Meu plano futuro é participar de uma residência artística para ampliar ainda mais meus conhecimentos, além de publicar um foto-livro”, contou Madan.