São Paulo – O mês de junho trouxe recorde de faturamento para o setor de artigos de decoração e utilidades domésticas e a tendência é crescer mais em julho, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Artigos para Casa, Decoração, Presentes, Utilidades Domésticas, Festas e Flores (ABCasa), Eduardo Turqueto, em entrevista à ANBA.
“Foi um aquecimento surreal, a covid realmente mudou a vida das pessoas. Já que não podem viajar, sair, ir a bares e restaurantes, estão gastando com artigos para o lar, para terem mais conforto. A casa virou a grande aliada da família. A pandemia reconectou as pessoas aos seus lares”, declarou Turqueto.
Segundo ele, os meses de março e abril apresentaram queda nas vendas em todos os artigos. Maio foi um mês de retomada e junho, de crescimento no setor principalmente em artigos para casa, como almofadas, colchas, luminárias, pufes, cortinas, objetos de decoração, acessórios e eletrodomésticos para a cozinha, panelas, vidros e plásticos, entre outros. Os números deste ano para o mercado interno não foram divulgados.
Turqueto afirmou que a pandemia fez com que artigos para festas e Natal tivessem o maior impacto, já que eventos que reúnem as pessoas tiveram que ser cancelados. As flores que a associação representa são as artificiais, para decoração. A associação realizou a feira ABCasa Fair, em fevereiro, que teve público reduzido. Trata-se da maior feira do setor na América Latina. A feira ABCasa Natal, Festas e Parques, que seria realizada em maio e é onde o varejo compra o que vai vender no final do ano, foi cancelada e só deve ocorrer ano que vem.
As vendas cresceram, segundo Turqueto, também devido à reabertura de algumas lojas físicas. “Juntou um consumo desenfreado das pessoas nas lojas físicas com as vendas online, com muitas lojas fazendo promoções para vender depois de dois meses em queda”, disse. Contudo, sobre a reabertura das lojas, ele pontuou que a associação jamais colocaria em risco seus colaboradores, funcionários, contratantes e clientes. “Cada cidade e estado têm suas regras de reabertura, estamos seguindo os protocolos do governo para abrir com toda a segurança”, disse.
Mercado externo
As exportações do setor cresceram entre janeiro e março de 2020, com total de US$ 58,5 milhões embarcados no primeiro mês e US$ 78,6 milhões no terceiro mês deste ano. Abril apresentou queda, para US$ 51,96 milhões, e maio, uma leve retomada, para US$ 58,49 milhões. No acumulado do ano de janeiro a maio, as exportações de artigos para casa somaram US$ 325,8 milhões, queda de 16,9% em comparação com igual período de 2019. Os dados de junho ainda não foram divulgados.
Os principais compradores de produtos brasileiros para casa são Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Paraguai, Peru, Uruguai, Chile, Bolívia, México e Holanda, de acordo com dados da ABCasa.
Segundo Turqueto, quando a pandemia teve início, na China, os países compradores de artigos chineses voltaram seus olhos para outros mercados, como Brasil e Índia, por isso as vendas externas aumentaram.
“Na China, a pandemia começou em novembro, dezembro. Eles tiveram que cancelar algumas vendas e exportações, e os compradores da Europa, Estados Unidos, pensando adiante, olharam para o Brasil e a Índia para comprar. Acredito que no pós-pandemia, quem só comprava da China vai continuar comprando cada vez mais do Brasil”, disse o empresário.
Em fevereiro a procura foi muito grande para as exportações, disse Turqueto. “Assim que a pandemia chegou ao Brasil, muita coisa foi cancelada, travaram as exportações, mudou o cenário. Março e abril foram meses difíceis, mas alguns setores de utilidades domésticas conseguiram se adaptar, fazendo frascos para álcool gel e máscaras, conseguiram achar um nicho imediato porque estavam preparados para isso e tiveram crescimento”, disse.
Para ele, o Brasil é um grande exportador nesse setor e vai continuar ampliando as exportações. “Vai crescer muito ainda, não tenho dúvidas, as empresas estrangeiras estão mirando no Brasil, ainda vamos dobrar, triplicar as vendas nesse mercado [externo]”.
No entanto, a China continuará sendo um país essencial ao setor, já que muitos fabricantes brasileiros dependem de insumos da nação asiática, avalia Turqueto. O Brasil importa produtos desse setor principalmente da China, Paraguai e Índia.
Segundo a gerente de Relações Internacionais da ABCasa, Gislaine Carrijo, os países árabes têm grande potencial para exportações brasileiras no setor de casa e decoração. “Temos observado um grande potencial e acompanhando as oportunidades e ascensão. Atualmente temos demandas de compradores de Dubai e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), da Síria, entre outros”, disse Carrijo.