São Paulo – Refugiados que vivem na capital paulista estão vivendo um dia de ação social nesta segunda-feira (20), no Dia Mundial do Refugiado, no Centro de Integração da Cidadania (CIC) do Imigrante, no bairro da Bela Vista. Desde o início da manhã estão sendo distribuídas cestas de alimentos e oferecidos exames de hipertensão e diabetes aos estrangeiros, que também contam com doação de roupas e recebimento de kits de higiene bucal no local.
A atividade é promovida pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, com a participação da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), da Cruz Vermelha e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seção São Paulo.
Foram reunidas 500 cestas de alimentos para entrega aos refugiados, das quais 100 foram doadas pela Câmara Árabe, 100 foram cedidas pela Cruz Vermelha e 300 pela Fambras. A participação da Fambras faz parte do programa levado adiante pela entidade chamado Islam Solidário, que conta com ajuda também da certificadora Fambras Halal para acontecer.
Refugiados compareceram ao CIC do Imigrante nesta segunda para receber as cestas e participar de uma solenidade que marcou a ação e o Dia Mundial do Refugiado. Várias autoridades, instituições e organismos envolvidos com o tema estiveram presentes. A Câmara Árabe foi representada pela diretora Claudia Haddad, a diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar, e a diretora de Marketing e Conteúdo, Silvana Gomes.
Haddad falou aos presentes e lembrou que o Brasil foi construído por imigrantes e descendentes, como os 12 milhões de origem árabe que vivem atualmente no País. “Sabemos da dura realidade das pessoas que aqui chegam em busca de oportunidades e segurança para reconstruir suas vidas de forma digna”, disse ela. “Nosso papel é garantir que essas pessoas, forçadas a abandonar sua terra natal, sejam recepcionadas com respeito”, falou.
O presidente da Fambras, Mohamed Hussein El Zoghbi, também falou aos refugiados da importância do trabalho dos imigrantes e refugiados para o desenvolvimento do Brasil. Presente, o secretário executivo da Secretaria da Justiça e Cidadania, Luiz Orsatti Filho, disse que São Paulo é o estado brasileiro que mais recebe imigrantes na condição de refugiados e agradeceu aos estrangeiros presentes por terem escolhido o Brasil.
Várias autoridades falaram, com discursos defendendo o respeito e da dignidade com a qual os refugiados devem ser tratados, lembrando a trajetória difícil que significa um deslocamento forçado, se solidarizando e agradecendo a presença e colaboração deles com o Brasil. “Espero que aqui se sintam protegidos e escolham ficar”, disse Layla Palis Pinheiro, da Secretaria de Relações Internacionais do Governo do Estado de São Paulo.
Também participaram ou falaram o vice-presidente da Fambras, Ali Hussein El Zoghbi, o diretor de Relações Institucionais da Fambras, Delduque Martins, a chefe do escritório do Acnur em São Paulo, Maria Beatriz Bonna Nogueira, o coordenador de Projetos da Cruz Vermelha, André Vitor, e a presidente da Comissão de Direitos dos Imigrantes e refugiados da OAB de São Paulo, Carla Mustaf, e a coordenadora do CIC, Claudia Calvé.
Islam Solidário
A Fambras promove a ação Islam Solidário em vários momentos durante o ano. Elas ocorrem em vários tipos de espaços públicos, entre eles os centros educacionais em regiões periféricas de São Paulo, chegando a reunir e atender 25 mil pessoas por dia. Ali Zoghbi contou que as atividades podem incluir desde o oferecimento de 17 modalidades de exames, inclusive oftalmológicos com doações de óculos, serviços de Poupatempo, recreação com brinquedos para as crianças, entre outros.
Em algumas ações a Fambras conta com o apoio da Fundação Mohammed bin Rashid Al Maktoum Humanitarian & Charity. O Colégio 24 de Março, que oferece ensino técnico na área de saúde, também participa do Islam Solidário. “Não é muçulmano aquele que dorme enquanto o seu vizinho está com fome”, diz Ali Zoghbi, ao explicar que a solidariedade deve fazer parte da vida dos muçulmanos.