São Paulo – A passagem do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pelos Emirados Árabes Unidos neste sábado (15) rendeu a assinatura de uma série de acordos entre os dois países, em um demonstrativo da disposição dos governos de uma relação mais próxima e uma cooperação aprofundada.
A viagem de Lula se deu durante o Ramadã, período sagrado do Islã em que os muçulmanos se abstêm de várias atividades e jejuam desde o nascer até o pôr do sol. Em sua conta no Twitter, o Planalto informou que foi a primeira vez que os Emirados receberam uma visita de Estado no período.
Lula foi recepcionado pelo presidente dos Emirados e emir de Abu Dhabi, o xeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan, no palácio Qasr Al Watan, em uma cerimônia que incluiu a presença da guarda de honra com seus cavaleiros, a execução do Hino Nacional do Brasil, 21 tiros de artilharia de saudação e voo acrobático da Força Aérea local espalhando no céu as cores da bandeira do Brasil.
A agência de notícias oficial local, a Emirates News Agency (WAM), publicou que a visita era a primeira de Lula a um país árabe no seu terceiro mandato e reforçava os laços profundos e duradouros entre o Brasil e os Emirados.
Na chegada ao aeroporto, ao lado da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, Lula foi recebido pelo ministro da Energia e Infraestrutura dos Emirados, Suhail bin Mohammed Al Mazrouei. Em declaração à WAM, ele disse que a visita possibilitaria maior cooperação em energia, infraestrutura, transporte, recursos hídricos e sustentabilidade.
Acordos
Entre os acordos assinados na passagem de Lula pelo país estiveram um memorando de entendimento para cooperação entre o Instituto Rio Branco, do Brasil, e a Academia Diplomática Anwar Gargash, dos Emirados, ambos voltados para a formação diplomática, e um memorando de entendimento entre os governos na área climática.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, integrando a delegação, assinou memorando entre o estado e a Refinaria de Mataripe. A refinaria é de propriedade da Acelen, do fundo Mubadala, dos Emirados, e vai produzir combustíveis sustentáveis, como diesel e querosene de aviação verdes, investindo R$ 12 bilhões.
Em entrevista publicada na WAM, o ministro da Economia dos Emirados, Abdullah bin Touq Al Marri, disse que o seu país tem US$ 5 bilhões em investimentos no Brasil e citou a presença de nomes no País como o fundo Mubadala, que se trata do maior dos investidores dessa relação, a operadora de portos DP World, a companhia aérea Emirates Airlines, o banco First Abu Dhabi Bank e empresa de tecnologia Yahsat.
Conversa entre líderes
A conversa entre os presidentes do Brasil e dos Emirados girou em torno de vários assuntos, principalmente as possibilidades de cooperação e colaboração em áreas como economia, comércio, tecnologia, proteção ambiental, mudança climática, energia renovável e segurança alimentar.
As mudanças climáticas foram um dos assuntos centrais, já que os Emirados receberão neste ano a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Os dois líderes falaram da necessidade de aumentar ações coletivas internacionais para enfrentar o problema ambiental. Al Nahyan disse esperar participação ativa do Brasil na COP28.
Al Nahyan falou que os Emirados Árabes Unidos dão grande importância às relações com o Brasil, já que buscam estreitar os laços com os países sul-americanos, especialmente em desenvolvimento sustentável. Lula desejou sucesso aos Emirados na realização da COP28 e o líder árabe saudou a candidatura brasileira para sediar a COP30, em 2025.
Eles também trocaram pontos de vista sobre questões regionais e internacionais e reforçaram o interesse comum em apoiar a paz e a estabilidade no mundo. Os dois países têm assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Eles compartilharam a visão de que a reforma no conselho é necessária.
O Brasil assumirá a próxima presidência temporária do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e se comprometeu a compartilhar a proposta de um diálogo dos Emirados com o grupo.
Iftar
Lula foi homenageado por Al Nahyan com um banquete de Iftar, como é chamada a quebra de jejum coletiva que os muçulmanos fazem durante o Ramadã depois que o sol se põe. Participaram do Iftar e do encontro várias autoridades e ministros dos Emirados e do Brasil, esses últimos como parte da delegação de Lula.
O Brasil e os Emirados têm 49 anos de relações diplomáticas. O país árabe está entre os principais parceiros comerciais do Brasil no Oriente Médio, com US$ 5,7 bilhões de corrente comercial em 2022, uma alta de 74% sobre 2021, segundo o governo brasileiro. O agronegócio responde por quase 60% das vendas do Brasil ao país árabe.
Leia também: Relembre a 1ª visita oficial de Lula aos Emirados, em 2003
*Com informações da Emirates News Agency (WAM)