São Paulo – A Embaixada do Brasil no Kuwait promoveu na última semana uma ação junto a importadores do Kuwait para divulgar as frutas brasileiras. O encontro foi realizado pela embaixada com o apoio da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) com o objetivo de entender os motivos da baixa comercialização de frutas brasileiras ao Kuwait e ajudar a viabilizar o aumento das exportações.
A reunião ocorreu na sede da embaixada, na Cidade do Kuwait, e dela participaram os principais importadores e distribuidores de frutas do país árabe, representando cerca de dez empresas. Foi apresentado a eles como funciona o setor de frutas do Brasil, seus dados de produção, exportação e logística. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com uma colheita de 44,3 milhões de toneladas no ano passado, mas exporta menos de 3% do total.
Segundo a conselheira chefe do Setor de Promoção Comercial e Investimentos (Secom) da embaixada do Brasil no Kuwait, Claudia Assaf, os importadores demonstraram total interesse em conhecer ainda mais as frutas brasileiras, que se diferem pelo sabor e qualidade, mas por questões de logística tendem a chegar no Kuwait com valor mais elevado que a concorrência. Além de Assaf, participam do encontro o embaixador do Brasil no Kuwait, Norton de Andrade Mello Rapesta, e o assistente técnico do Secom, Merhie Youssef. Na foto acima, Rapesta e Assaf.
“Para terem acesso ao mercado kuwaitiano, os exportadores de frutas precisariam, basicamente, atuar em três frentes simultâneas: em vez de pensar os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) de forma isolada, considerar desenvolver estratégias de acesso ao GCC como um mercado uno; incluir todos os países do conselho nas missões prospectivas; e, nesse contexto, pensar em alternativas logísticas que minimizem os custos de transporte do importador, para que fixem preço competitivo da fruta brasileira ao consumidor final”, disse Assaf à ANBA.
De acordo com a diplomata, a fruta brasileira chega ao Golfo por intermediação dos grandes centros reexportadores, como Holanda e Estados Unidos, e passando ainda, na grande parte das vezes, por um segundo centro reexportador regional, como Jebel Ali, em Dubai. “A quantidade de intermediários, conjugada com a forte competitividade de frutas igualmente de boa qualidade em países mais próximos, somada à ausência de missões para promoção da fruta brasileira no Kuwait, compõem os principais óbices que explicariam a ausência da fruta brasileira no Kuwait”, diz.
Assaf falou aos importadores que os maiores compradores da fruta brasileira no exterior são Holanda e Estados Unidos, além de outros países da União Europeia, mercados que exigem alta qualidade dos produtos, o que, por si só, demonstra as boas características da fruta brasileira. Segundo a diplomata, a Holanda fez compras de US$ 283 milhões em frutas brasileiras no ano passado, respondendo por 31,5% de tudo o que o País vendeu no mercado externo e reexportando para diversos destinos no mundo, entre eles o Golfo.
O gerente de projetos da Abrafrutas, Jorge Souza, participou do encontro por meio de um vídeo, no qual apresentou o trabalho da associação e falou sobre os desafios inerentes ao transporte das frutas e a intenção da Abrafrutas de, em 2020, incluir o mercado kuwaitiano nas missão de promoção da fruta brasileira na região. Ele sugeriu aos importadores que uma maneira de superar a intermediação de Dubai seria a negociação direta com os exportadores brasileira. Dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostram que o Kuwait importou diretamente apenas US$ 3,3 milhões em frutas brasileiras no ano passado.
Segundo Assaf, o encontro proporcionou valiosa troca de informações e a embaixada pôde entender a estrutura do mercado e as principais causas da pouca comercialização. Além da driblar a exportação indireta e tentar reduzir os custos de logística para a chegada das frutas no Kuwait, a diplomata considera importante o contato entre importadores e exportadores dos dois países. “Consideramos fundamental que exportadores brasileiros e importadores kuwaitianos ampliem conhecimento mútuo e, dessa forma, seja possível encontrar soluções criativas”, afirmou Claudia Assaf.