São Paulo – O embaixador do Catar no Brasil, Mohammed Al-Hayki, garantiu que seu país está atendendo todas as exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e que sediará com certeza a 22ª Copa do Mundo, em 2022.
<
“Não há dúvidas de que a Copa do Mundo de 2022 será sediada pelo Catar. Nós passamos por diversos obstáculos e os ultrapassamos um a um, começando pelo clima: modificamos a data do evento de junho para novembro, quando a temperatura é mais amena; passamos por questões da venda de bebidas alcoólicas e até mesmo da visita de turistas homossexuais (é proibido ter relações homoafetivas no país). Depois foi a preocupação com o terrorismo (o Catar foi acusado de financiar grupos terroristas pela Arábia Saudita e países aliados, que romperam relações com Doha), e superamos. Surgiram casos de corrupção e questões trabalhistas, e nós ajustamos”, contou o diplomata à ANBA.
O Catar será o primeiro país árabe a sediar uma Copa do Mundo, e será a primeira vez que o evento acontecerá em novembro, por questões climáticas. O campeonato sempre acontece entre maio e julho, mas esse período é de verão no Golfo, muito calor para atletas e turistas. “Já inauguramos dois estádios, estamos no caminho certo e acredito que iremos ser anfitriões de um belíssimo evento”, disse Al-Hayki, que visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, nesta terça-feira (06).
Na opinião do embaixador, o mundo tem três grandes eventos esportivos hoje: as Olimpíadas em primeiro, a Copa do Mundo em segundo e, em terceiro, a Copa da Ásia, que eles já sediaram em 2011 sem nenhum problema. “Estamos preparados para receber grandes eventos e esperamos fazer uma cooperação com o Brasil, que tem a expertise de ter sediado os dois maiores eventos esportivos no mundo e sem dúvida tem muito a nos ensinar”, afirmou.
Al-Hayki é embaixador no Brasil há cinco anos e quatro meses. Na Câmara Árabe, ele se reuniu com o presidente da entidade, Rubens Hannun, para falar sobre o Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, a ser realizado em 02 de abril, além de outros temas das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países.
Nas relações comerciais, Al-Hayki destacou a confirmação do acordo para a importação de gás natural liquefeito (GNL) do Catar para servir de combustível para o Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I. O polo em construção em Barra dos Coqueiros, em Sergipe, com previsão de entrega em 2020, quando devem começar as importações, conforme a ANBA noticiou em janeiro.
“Este é um gigante projeto em Sergipe e o Catar deve exportar 1,3 milhão de toneladas de GNL por ano somente para atender a termoelétrica, que então passará a energia para os estados vizinhos”, disse Al-Hayki. A termoelétrica da Centrais elétricas de Sergipe (Celse) está sendo construída pela General Electric, e a Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação do GNL, pela Samsung. O contrato com o Catar é de 25 anos.
O embaixador lembrou também que as exportações de carnes de boi e frango do Brasil ao Catar não foram afetadas pela Operação Carne Fraca, segundo ele, graças ao bom relacionamento entre os países, que fizeram um trabalho conjunto de gerenciamento de crises.
Al-Hayki ressaltou ainda visitas recentes de autoridades brasileiras ao Catar, como a do então ministro da Defesa e atual ministro Extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, que encontrou com o emir do Catar, Tamim Bin Hamad Al-Thani, em dezembro de 2017. “Foi uma boa visita, foi firmado um intercâmbio militar entre os países, com treinamento de cadetes”, afirmou. O embaixador afirmou que espera que o presidente Temer visite o país ainda neste semestre.