São Paulo – A realização de investimentos mútuos, o aumento do comércio e as medidas necessárias para ampliar as relações do Brasil com os países do Oriente Médio e Norte da África foram temas de reunião nesta terça-feira (04) do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na capital paulista.
“Vamos fazer todos os esforços necessários para aumentar a corrente de comércio e aumentar os investimentos [com os países árabes]”, afirmou Skaf ao grupo de diplomatas.
A delegação é composta por embaixadores e encarregados de negócios da Palestina, Arábia Saudita, Kuwait, Jordânia, Líbia, Egito, Sudão, Mauritânia, Tunísia, Marrocos e Argélia, além do embaixador da Liga dos Estados Árabes no Brasil, Nacer Alem.
A visita do grupo foi organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que teve como participantes do encontro Osmar Chohfi, vice-presidente de Relações Internacionais, e Michel Alaby, diretor-geral da entidade.
Skaf falou sobre a importância e a representatividade de São Paulo na economia brasileira, destacando o papel de liderança do estado em diversos setores. Ele falou também sobre o trabalho da instituição que dirige em áreas como educação, cultura e esportes.
Como resposta, Ibrahim Alzeben, embaixador da Palestina e decano do Conselho dos Embaixadores, declarou que a Fiesp tem um “peso muito importante na estrutura do País” e lembrou da participação dos árabes na constituição da sociedade brasileira. “Essa cidade e esse estado são testemunhas da participação dos árabes na construção deste país.”
O embaixador pediu a parceria da Fiesp na derrubada de barreiras que ainda impedem o aumento do comércio entre brasileiros e árabes. “Gostaríamos muito de trabalhar juntos para eliminarmos os obstáculos que impedem o desenvolvimento das relações entre o Brasil e os países árabes. Falta uma lei clara sobre investimentos e também um acordo que evite a bitributação”, afirmou Alzeben.
O diplomata defendeu a diversificação da pauta de comércio entre os países. “A pauta não pode se restringir a carne e petróleo”, declarou, mencionando dois dos principais itens comercializados entre o Brasil e as nações árabes.
Para o presidente da Fiesp, após a mudança ocorrida no comando do governo federal, o Brasil está recuperando a confiança do mercado financeiro e deve voltar a receber investimentos estrangeiros, o que faz com que resolver a questão da bitributação também seja uma questão de grande interesse para o País. “Temos que encontrar um caminho para evitar a bitributação e facilitar os investimentos recíprocos”, disse.
“O investimento kuaitiano no Brasil precisa de apoio jurídico para ser protegido”, afirmou Ayadah Alsaidi, embaixador do Kuwait em Brasília. Segundo ele, seu país investiu US$ 1,2 bilhão no Brasil nos últimos anos e acabou prejudicado pela crise econômica brasileira.
Ahmed Elsiddig, embaixador do Sudão, lembrou que a África está cheia de produtos chineses e disse que gostaria de ver uma presença maior de produtos brasileiros no continente, pois considera que os itens daqui têm melhor qualidade na comparação com os produtos do país asiático.
Alaa Eldin Roushdy, embaixador do Egito, lembrou que seu país também passou por uma crise política, mas afirmou que agora ele tem a estabilidade necessária para voltar a atrair capital estrangeiro. “Há oportunidades para empresas brasileiras investirem no Egito”, disse. Para ele, a realização de investimentos deve ser uma via de “mão-dupla”, ou seja, se o Brasil quer capital árabe, também deve estimular a ida de capital nacional para aqueles países. “O Brasil tem que incentivar investimentos nos países árabes”, ressaltou.
Osmar Chohfi lembrou que os países da Liga Árabe são o quarto principal parceiro comercial do Brasil e também destacou a importância de diversificar a pauta de exportações com as nações do bloco. Ele falou ainda da parceria da Câmara Árabe e da Fiesp nas relações diplomáticas com os países do Oriente Médio e Norte da África. “A Fiesp e Câmara Árabe têm uma contribuição importante para o aprofundamento das relações do Brasil com os países árabes”, apontou.