São Paulo – Os embaixadores e encarregados de negócios de 18 países árabes e da Liga Árabe em Brasília se reuniram na quinta-feira (09) com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, para discutir a ampliação das relações comerciais e diplomáticas entre o Brasil e os países do Norte da África e do Oriente Médio.
Também participaram do encontro o subsecretário-geral político do Itamaraty para o Oriente Médio, embaixador Paulo Cordeiro, o secretário-geral do Itamaraty, Eduardo dos Santos, e o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby. O encontro foi promovido em almoço realizado na residência oficial do embaixador do Egito em Brasília, Hossameldin Mohamed Ibrahim Zaki.
Na primeira reunião com o chanceler brasileiro desde que Figueiredo assumiu o posto, em agosto de 2013, os diplomatas trataram da criação do estado palestino, da reconstrução de Gaza após conflitos com Israel, da aprovação, pelo Congresso Nacional, de acordos de livre comércio com os países árabes e do fim da dupla tributação internacional entre estes países e o Brasil.
De acordo com o decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil e representante da Palestina no País, Ibrahim Alzeben, o encontro foi “muito positivo”. “Houve uma interação muito importante entre todas as partes. O ministro falou da importância da imigração árabe na cultura brasileira, do dinamismo das empresas árabes brasileiras, da presença da Câmara Árabe como elemento importante nessa relação. Ele prometeu visitar os países árabes em um futuro próximo”, afirmou Alzeben.
Livre comércio
Alaby afirmou no encontro que há acordos de livre comércio entre o Mercosul e alguns países árabes que já foram assinados, mas ainda dependem de aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado para entrar em vigor. É o que acontece com Egito, Palestina e Jordânia. No encontro, Alaby afirmou ao ministro Figueiredo que o Brasil e os países árabes podem ampliar suas trocas comerciais por meio de outros acordos, como o que elimina a dupla tributação internacional (ocasião em que um rendimento é tributado no país de origem da renda e também no país de residência da empresa ou pessoa que gera a renda).
“Nós e o ministro falamos da necessidade de se obter um upgrade comercial e passar necessariamente por acordos comerciais, evitar a bitributação, ter mais presença do Brasil em feiras nos países árabes e mais presença de empresas árabes aqui no Brasil para ampliar a troca de experiências. Isso é importante para o Itamaraty, que é uma instituição que não depende de governos. Muda-se o governo, mas a filosofia das Relações Internacionais permanece independente”, afirmou Alaby.
As trocas comerciais do Brasil com os países árabes cresceram a partir de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Síria, Líbano, Egito, Líbia e Emirados Árabes Unidos. Em 2013, o Brasil exportou US$ 14,03 bilhões à região e importou US$ 11,39 bilhões. A troca comercial entre Brasil e países árabes é composta, principalmente, por commodities. O Brasil exporta alimentos e os árabes, petróleo e seus derivados e fertilizantes. Em 2003, as exportações para a região eram de US$ 2,7 bilhões. Em 2012, chegaram a US$ 14,8 bilhões e caíram para US$ 14,03 bilhões no ano seguinte.
Na reunião, o ministro Figueiredo foi convidado a participar do encontro de chanceleres da Cúpula América do Sul Países Árabes (ASPA), previsto para ser realizado em 28 de outubro em Manama, no Bahrein. O Itamaraty ainda não definiu se enviará um representante ao encontro.
Segundo Alzeben, Figueiredo confirmou na reunião de quinta-feira que Eduardo dos Santos, irá participar neste domingo (12) de uma cúpula no Cairo para discutir os projetos de reconstrução da Faixa de Gaza, que foi bombardeada em julho e agosto em confrontos entre o grupo Hamas e Israel.


