Da redação
São Paulo – A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves comerciais, militares e executivas, completou ontem (19) 35 anos de existência. A empresa foi fundada em 19 de agosto de 1969 pelo governo brasileiro, como parte da estratégia oficial de dotar o país de capacitação para produzir aviões.
A comemoração ocorre logo após a empresa anunciar o melhor resultado trimestral de sua história. No segundo trimestre deste ano, ela teve um faturamento de R$ 3,034 bilhões, ou 83,9% a mais do que no mesmo período de 2003, e um lucro líquido R$ 382,1 milhões, contra R$ 21,4 milhões no segundo trimestre do ano passado.
Os números mostram a recuperação da companhia após um período de vacas magras ocorrido em 2003, quando o mercado da aviação comercial ainda estava bastante desaquecido e por causa de atrasos ocorridos na certificação de seu novo jato regional, o Embraer 170, que tem capacidade para levar até 78 pessoas.
Não que a empresa tenha tido prejuízo no ano passado, mas seu lucro caiu de R$ 1,18 bilhão em 2002 para R$ 587,7 milhões em 2003.
O aniversário ocorre também após a empresa ter vencido uma licitação para fornecer aviões de vigilância ao exército norte-americano, dentro de um consórcio liderado pela Lockheed Martin. O contrato envolve recursos de US$ 879 milhões que serão gastos até o início de 2006. Mas o valor poderá chegar a US$ 7 bilhões em 20 anos.
A empresa começou a ser gestada bem antes de sua fundação, quando em 1946 foi criado, em São José dos Campos (SP), o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), hoje rebatizado de Centro Técnico Aeroespacial. Em 1950, o centro, que pertence à Força Aérea, passou a abrigar o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das mais conceituadas escolas de engenharia do país.
História
O primeiro avião fabricado pela Embraer foi o Bandeirante, destinado ao transporte de passageiros e movido à hélice, que foi desenvolvido no CTA. A produção em série da aeronave começou em 1971.
Hoje os aviões da empresa, que continua a ter sede em São José dos Campos, voam em 58 países nos cinco continentes. Ela também tem uma fábrica fora do Brasil, inaugurada em 2003 em Harbin, na China, fruto de uma parceria com a China Aviation II. Já fabricou aviões, inclusive, no Egito. Um número limitado de unidades do turboélice Tucano, destinado ao uso militar, foram montadas no país árabe em meados do anos 1980.
Agora, para atender ao pedido do exército americano, a companhia deve construir uma linha de montagem em Jacksonville, na Flórida, onde serão fabricados jatos militares baseados no ERJ 145, avião de passageiros, desenvolvido pela Embraer, que tem capacidade para carregar até 50 pessoas. Aeronaves semelhantes são usadas pela Força Aérea Brasileira no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Em 1994 a empresa foi privatizada, seu controle foi assumido pelos bancos Bozano, Simonsen e Wasserstein Perella e pelos fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e Sistel. Posteriormente um grupo europeu, formado pelas empresas EADS, Dassault, Thales e Snecma, assumiu 20% do controle acionário da Embraer. Hoje as ações da companhia são negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e na bolsa de Nova York (NYSE).
Desde 1995, quando foi lançado o ERJ 145, até junho deste ano, a Embraer já faturou US$ 15,5 bilhões com exportações. Hoje o carro chefe da empresa são seus jatos regionais das famílias 145 e 170/190. Ela também fabrica os jatos executivos Legacy. A Embraer diz deter 40% do mercado mundial de aeronaves com capacidade para carregar entre 30 e 120 passageiros.
A companhia tem cinco unidades industriais no Brasil, todas localizadas no interior de São Paulo, onde emprega 13,5 mil pessoas. Ela tem também subsidiárias, fora a fábrica em Harbin, onde oferece serviços de vendas, assistência técnica e distribuição de peças na Austrália, China, Cingapura, Estados Unidos e França, locais onde conta com quase mil funcionários.

