Cairo – O Brasil vai colaborar com o Egito em pesquisas agrícolas, inclusive dividindo conhecimento em agricultura de baixo carbono para o enfrentamento das mudanças climáticas. Um acordo para que isso ocorra foi assinado nesta terça-feira (10), no Cairo, entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Agricultural Research Center (ARC).
O presidente da Embrapa, Celso Moretti (foto acima), firmou o acordo durante visita do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, ao Ministério da Agricultura e Recuperação de Terras do Egito. Moretti faz parte de delegação do governo brasileiro a três países árabes, entre eles o Egito, para discutir o aumento do fornecimento de fertilizantes ao Brasil.
O centro de pesquisa egípcio é uma instituição pública com proposta de atuação similar à Embrapa. O memorando de entendimento assinado prevê a cooperação em melhoramento genético de plantas e animais, sanidade animal e vegetal, mudanças climáticas, irrigação e manejo de água, além de intercâmbio de pesquisadores, com visitas e treinamentos.
Na área climática, a Embrapa vai dividir as experiências nacionais na agricultura de baixo carbono, sobre as quais Moretti falou aos egípcios. “Está todo mundo hoje preocupado com essa questão de mudanças climáticas. Eu digo no Brasil que a agricultura é parte da solução, não parte do problema da mudança climática”, disse Moretti à ANBA.
Nos últimos anos várias iniciativas foram lançadas no Brasil neste sentido, envolvendo a Embrapa, tais como a produção da carne carbono neutro, realizada em parceria com a empresa Marfrig. “Falei para eles que temos um plano de produzir algodão de baixo carbono, estamos avançando isso”, afirmou Moretti, lembrando que o algodão egípcio é famoso no mundo. O presidente da Embrapa também acredita no interesse pela tecnologia de irrigação do Brasil, que é avançada.
Na assinatura, Moretti contou aos seus interlocutores como o Brasil fez sua revolução na produção de alimentos com aumento de produção e produtividade por meio do uso de tecnologia. “Na década de 1970, importávamos leite dos Estados Unidos, carne da Europa, feijão do México”, disse à ANBA. Segundo ele, nas últimas cinco décadas o Brasil investiu fortemente em ciência para a agricultura.
Trigo tropical
O Egito, por sua vez, tem forte dependência de importação de alimentos. O país usa apenas entre 7% e 8% do seu território para a produção agrícola e possui restrições hídricas e de terras. No atual momento, o país árabe enfrenta preocupações com o abastecimento de trigo, já que a Ucrânia, que está em guerra com a Rússia, é importante fornecedora.
Moretti contou rapidamente aos egípcios a experiência brasileira de expansão da produção de trigo tropical. Por meio de tecnologia, o Brasil está viabilizando o cultivo de trigo em regiões que não eram consideradas apropriadas para o plantio em função de clima e solo.
Segundo Moretti, o Brasil já tem 280 mil hectares plantados com trigo no Cerrado, fez testes no Ceará (Nordeste do País) e está colhendo o produto em Roraima (Norte). A produção deve aumentar em 13% neste ano, saindo de 7,5 milhões de toneladas para 8,5 milhões de toneladas. A área plantada deve ir de 2,7 milhões de hectares para 3,1 milhões de hectares.
A missão durante a qual o acordo da Embrapa e o Agricultural Research Center foi assinado começou no último final de semana, pela Jordânia, e passará também pelo Marrocos. Além de representantes do governo e de órgãos públicos, participam também o setor privado e entidades brasileiras, como a Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
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