São Paulo – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está em tratativas com o Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (Inra) do Marrocos para desenvolver uma parceria. Dirigentes de ambos os órgãos já tiveram duas reuniões neste ano para entender em quais áreas pode haver mais sinergia para o acordo. Entre os tópicos que estão sendo negociados para entrar na cooperação estão a troca de materiais genéticos de culturas como o trigo, o manejo de solos e fertilizantes e o zoneamento agrícola. Na foto acima, marroquina trabalha separando o joio do trigo.
A próxima reunião que vai ocorrer entre os pesquisadores das instituições está prevista para o final de setembro. “Estamos em negociação e elaboração do que podemos fazer juntos”, declarou Alexandre do Amaral, assessor da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, em entrevista por telefone à ANBA.
O acordo tratará de três eixos de cooperação entre Brasil e Marrocos. O primeiro diz respeito ao manejo de solos e fertilizantes. “O Brasil consome muito fertilizantes e o Marrocos também, só que eles produzem muito fósforo. É um dos grandes nutrientes utilizados na agricultura, então a nossa dependência deles é muito forte. Queremos entender como eles lidam com fertilizantes e outros nutrientes lá”, disse o assessor.
Outro tema é a troca de material genético. “O Brasil está se tornando uma referência mundial em trigo tropical, que tradicionalmente é muito cultivado em regiões frias. O Brasil é um dos três maiores importadores de trigo, mas poderia ser um grande exportador. A Embrapa tem desenvolvido uma série de tecnologias com trigo. E o Marrocos também produz, mas em regiões mais frias. A ideia é trocar materiais para ver deles o que se adapta no Brasil e nosso o que se adapta lá”, explicou.
E, por fim, faz parte do escopo de trabalho da Embrapa tratar do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). O projeto criado pela Embrapa divide as regiões brasileiras e aponta quais as áreas e períodos ideais para o cultivo de cada cultura. “Utilizando informação das zonas você sabe onde pode plantar determinadas culturas e quando. Os bancos, hoje, usam essa política pública para fornecer crédito aos produtores brasileiros. E Marrocos também é um país com uma diversidade muito grande, é interessante se ter um programa desses”, afirmou o assessor.
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O trabalho do Inra tem no Marrocos um peso parecido com o da Embrapa, que no Brasil é ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “O Inra é muito semelhante à Embrapa em termos de estrutura e missão. Isso facilita muito o diálogo entre as instituições. A ideia é exatamente essa, já que existem duas instituições que guardam semelhanças em termos de missão e que estão em países que têm a agricultura como um importante componente para formação do PIB e da economia interna, isso tudo facilita a cooperação”, explicou Amaral.
O profissional lembrou, ainda, que as instituições já chegaram a assinar um memorando em 2011, mas na época o projeto não teve continuidade. “Queremos que dessa vez o acordo gere tecnologias que sejam interessantes para o Brasil e para o Marrocos”, concluiu.