Débora Rubin
São Paulo – Três técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão no Líbano desde o dia 18 em uma expedição para ajudar a recuperar a agricultura do país, uma das áreas afetadas durante o conflito com Israel em julho e agosto deste ano. O trabalho é resultado de uma missão que o governo brasileiro enviou ao Líbano em outubro, coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Representantes de diversos órgãos do governo e da iniciativa privada estiveram presentes na visita, incluindo o diretor da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Mustapha Abdouni.
Flávio Gilberto Herter e Carlos Reisser Junior, ambos da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), e Wanderlei Ferreira, da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), foram escalados para o trabalho por causa das áreas em que atuam. Os dois primeiros são pesquisadores especialistas em fruticultura de clima temperado. E Wanderlei entende de pecuária leiteira. Segundo o coordenador do trabalho, o pesquisador José Madeira Netto, foram essas as áreas definidas como prioridade pelo Ministério da Agricultura do Líbano, além de irrigação por gotejo.
"Eles foram para conhecer as especificidades da agricultura libanesa, tentar resolver problemas mais urgentes e, principalmente, traçar um plano mais longo de ação", diz Madeira Netto, que trabalha na área de Cooperação Internacional da Embrapa, em Brasília. Segundo o pesquisador, o conflito não só destruiu áreas inteiras de plantação como abalou a economia agropecuária como um todo. Houve desabastecimento de insumos, paralisação de trabalhos, entre outros problemas que geraram prejuízos.
"Houve também muitos prejuízos na área de pesca. Barcos e material que foram destruídos e afetaram atividade", conta Madeira Netto, que esteve em Beirute durante a missão realizada pelo governo brasileiro em outubro.
A agricultura do Líbano é formada por pequenos e médios agricultores. A similaridade de algumas culturas plantadas lá com as cultivadas no sul do Brasil, tais como maçã, figo, pêssego, também influenciaram na escolha dos técnicos de Pelotas.
A missão vai durar apenas uma semana no Líbano – os três voltam na segunda-feira, dia 27. Na maior parte do tempo, eles devem ficar no Vale do Bekaa, próximo a Beirute, região com forte tradição em agricultura. Ali, a guerra afetou principalmente a produção de frutas.
Embora seja de curta duração, Madeira Netto acredita que a viagem dos técnicos é apenas o começo da missão. "A idéia é que um longo trabalho seja realizado entres eles e os técnicos e agricultores de lá. Aliás, o nosso objetivo é que o diálogo vá muito além dos problemas causados pelo conflito. Embora o Brasil e o Líbano tenham uma ótima relação, há muitas áreas nas quais ainda não há intercâmbio técnico, e a agricultura é uma delas", explica.
A missão faz parte de um projeto maior de reconstrução do Líbano tocado pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da FAO. Os brasileiros da Embrapa contam com o apoio da embaixada brasileira no Líbano.

