São Paulo – As economias emergentes vão se recuperar mais rapidamente da crise internacional do que os países desenvolvidos. E isso que afirma o novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) "A crise foi evitada – o que acontecerá agora?", que foi divulgado nesta sexta-feira (23) para a imprensa, em São Paulo, por Nicolas Eyzaguirre, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo.
"A recuperação nas economias industrializadas será lenta e penosa", afirmou Eyzaguirre. "A boa notícia é que, provavelmente, as economias emergentes devem crescer rapidamente, como, por exemplo, China e Brasil. Isto traz oportunidades enormes, mas também desafios de grandes economias, com muitas expectativas", completou.
Segundo projeções do Fundo, após uma retração de 2,5% em 2009, América Latina e Caribe devem crescer cerca de 3% no próximo ano. "A questão, agora que o pior da tempestade já passou, é como se ajustar à nova realidade de uma economia global menos dinâmica e ainda assim prover condições para que os países possam crescer e diminuir a pobreza", disse Eyzaguirre.
O relatório destaca que a perspectiva de curto prazo é mais favorável para os exportadores de matérias-primas, como o Brasil, devido à contínua recuperação dos preços destes produtos. No entanto, economias que dependem de remessas do exterior e do turismo, como os da América Central e Caribe, estão em desvantagem neste momento, já que estes fatores estão fortemente ligados ao nível de emprego nos Estados Unidos e em outras economias desenvolvidas, que devem se recuperar muito lentamente.
"Os Estados Unidos não conseguirão sair da recessão por sua demanda interna. Eles necessitarão exportar muito para resolver seu problema de conta corrente", destacou o diretor do Fundo. Brasil, Chile, Colômbia e Peru foram citados como exemplos de economia que devem se recuperar com mais velocidade do que os Estados Unidos.
De acordo com o relatório, países que estavam mais bem preparados e que puderam lançar mão de medidas fiscais e monetárias para impulsionar suas economias vão ter agora que começar a pensar em como e quando reverter isso. O estudo sugere que, de modo geral, os países devem pensar em reverter medidas fiscais antes de contrair a política monetária.
O estudo ainda destaca dois desafios principais para o futuro da América Latina e Caribe. "Primeiro, como se ajustar a uma nova realidade global de crescimento baixo no médio prazo, já que os níveis de atividade anteriores à crise dificilmente vão voltar. Neste contexto, será necessário priorizar os gastos públicos, buscar a manutenção do crescimento doméstico e reduzir a pobreza", relata o documento.
"Segundo, os países terão que aprofundar as reforma econômicas que tornarão suas economias mais resistentes a futuros choques. Isso inclui maior flexibilidade no câmbio, melhores políticas fiscais e mudanças na regulação e supervisão do setor financeiro, que incorporem as lições em outras regiões do mundo", completa.