Emirates News Agency
Abu Dhabi (Emirados Árabes) – O governo dos Emirados Árabes Unidos quer implementar um novo modelo econômico de desenvolvimento para o país. Para isso, encomendou a consultores internacionais um projeto para avaliar o grau de competitividade da economia doméstica, tanto em nível federal, como regional (cada emirado individualmente).
O projeto, supervisionado por Michael E. Porter, professor da Escola de Administração da Universidade Harvard, dos Estados Unidos, será completado em 18 meses, informou a agência de notícias Gulf News.
Para o professor, os Emirados são um caso de sucesso no Oriente Médio. Ele lembra que o país é um modelo para muitos países da região. Mas, pondera, "com seu sucesso algumas fragilidades também vieram à tona nos últimos anos".
Segundo Porter, o modelo que levou ao sucesso dos Emirados já está esgotado e uma nova estratégia de crescimento é necessária para lidar com a nova geração de problemas que devem surgir. "O sucesso de uma estratégia cria, em si, suas fraquezas", comentou.
Rico e desenvolvido
Os Emirados fazem parte da região mais rica e desenvolvida do Oriente Médio, a do Golfo Arábico, onde estão concentradas as maiores reservas de petróleo e as mais altas rendas per capita do mundo.
Nos últimos anos, os Emirados investiram para diversificar o setor industrial e passar a depender menos do petróleo. De 1990 para cá, o segmento não-petrolífero da economia cresceu cerca de 300%.
Também foram feitos investimentos em infra-estrutura. A zona franca de Jebel Ali, por exemplo, é considerada modelo de logística, financiamento e mão-de-obra qualificada. Tanto é assim que a zona franca, que reúne hoje mais de 1000 empresas de 72 países, funciona como um centro reexportador para outros países árabes.
O governo local tem ainda incentivado o turismo – convencial e de negócios – e a realização de eventos internacionais no país. Um dos frutos dessa estratégia foi a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que ocorreu em Dubai, capital dos Emirados, na semana passada. Foi a primeira vez que um país árabe sediou o encontro.
Outro setor que vem passando por mudanças nos Emirados é o financeiro. O governo deve inangurar nas próximas semanas o Centro Financeiro Internacional de Dubai, uma espécie de zona franca financeira em Dubai, que irá funcionar seguindo as regras dos grandes centros mundiais, como Londres e Nova York.
Diversas instituições internacionais já mostraram interesse em fazer parte do projeto.
Crescimento populacional
O problema é que, para o governo e os pesquisadores de Harvard, o modelo pode estar esgotado. Além disso, começam a aparecer alguns indicadores negativos. Por exemplo: um crescimento rápido e repentino da população empurrou o Produto Interno Bruto (PIB) per capita para o campo negativo.
Porter acredita que, para o desenvolvimento do país, é necessário que se desestimule o crescimento populacional e se estimule a criação de empregos para mão-de-obra altamente especializada no futuro.
O estudo será financiado pela Estratégias para Economias Dependentes de Energia, uma organização sem fins lucrativos. Porter terá o auxílio de assistentes de Harvard no projeto. Ele comandará o time de estudiosos na coleta de dados e na metodologia do estudo.
A maior parte da equipe de pesquisadores será local, "o que ajudará a compreender melhor os aspectos específicos da região", disse Porter. O estudo estará pronto entre 12 e 18 meses e terá sua primeira fase divulgada após setembro de 2004.

