Da redação
Abu Dhabi – Com o objetivo de proteger as suas fábricas, os Emirados Árabes Unidos vão reduzir as exportações de ferro velho para a Índia e outros mercados internacionais. O Ministério de Finanças e Indústrias (Mofi) decidiu começar a arrecadação de um imposto (US$ 68,20) sobre cada tonelada de ferro velho exportada, informou ontem (01) a agência de notícias Gulf News.
A medida vai permitir que as fábricas locais de ferro obtenham ferro velho suficiente para sua produção e possam, com isso, aumentar as suas receitas.
No entanto, os especialistas duvidam que a decisão, que entra em vigor hoje (02), seja efetivamente implementada já que os Emirados contam com muitos portos e terminais de exportação, o que torna difícil o controle.
"Eu acredito que a decisão será executada e que beneficiará as fábricas locais de ferro velho, mas que será difícil a sua total implementação devido aos muitos pontos de exportação no país" disse Dr. Mohammad Al Asoomi, economista árabe.
"O assunto está sendo debatido há seis anos e eu tenho certeza que a notícia de cobrar esse imposto será bem-vinda entre os industriais daqui. Existem muitas reclamações sobre comerciantes exportando seu ferro velho para outros mercados, principalmente a Índia e o Paquistão, a custos menores, criando uma escassez no mercado local e, conseqüentemente, impedindo o crescimento e a possibilidade de lucros maiores", complementou Asoomi.
O Ministério espera que comerciantes acatem a nova decisão. "Precisávamos agir para apoiar a indústria nacional e impedir tais práticas", disse Naser Al Suweidi, diretor do Departamento de Desenvolvimento Industrial no Ministério.
"Eu acredito que essa decisão beneficiará amplamente o setor industrial, mas que será necessário um período de adaptação, já que certamente muitos comerciantes estão amarrados a contratos que não podem ser quebrados agora", reforçou Suweidi.
Os revendedores acreditam que este imposto pode afetar os mercados de ferro na Índia e no Paquistão já que os dois países obtém ferro velho dos EAU a preços muito competitivos.
Os Emirados têm pelo menos cinco grandes fábricas de metal e as exportações desses produtos passaram de 400 mil toneladas no ano passado. Assim, a escassez no mercado gerou um aumento na importação desses produtos, que subiu de US$ 343 milhões em 2002 para US$ 397 milhões em 2003.
Menos dependência
Assim como em outros estados árabes do golfo, os Emirados Árabes Unidos deram prioridade ao setor manufatureiro com programas de diversificação econômica, visando reduzir a dependência das exportações de petróleo.
Como resultado, os investimentos neste setor foram maiores do que os de outras áreas. Os investimentos no setor industrial passaram de US$ 8,17 bilhões no final de 2002 para US$ 11,8 bilhões em 2003. Até o final deste ano deve chegar a US$ 12,8 bilhões.
A maior parte dos novos investimentos do ano passado foi destinada a projetos envolvendo metais, produtos petrolíferos refinados, têxteis, alimentos e produtos químicos. Esses investimentos melhoraram o desempenho do setor industrial, tornando-o o segundo maior componente do Produto Interno Bruto (PIB), depois do petróleo. Há cerca de 2.500 unidades industriais do país, que empregam aproximadamente 263 mil pessoas.