Alexandre Rocha
São Paulo – Os Emirados Árabes Unidos estão interessados em investir recursos no setor de petróleo no Brasil. Este foi um dos resultados da passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo país do Golfo Arábico, nos dias 6 e 7, segundo informou ontem (9) à ANBA o embaixador do brasileiro em Abu Dhabi, Flávio Sapha.
De acordo com Sapha, houve uma reunião entre o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, e o ministro do Petróleo da nação árabe que resultou em entendimentos firmes no sentido dos Emirados "carrearem investimentos ao Brasil".
"O interesse deles (árabes) em investir ficou claro", afirmou Sapha por telefone. Segundo o embaixador, essa foi uma das reações mais imediatas à visita de Lula. "Foi um primeiro contato frutífero", declarou.
No entanto, ele disse que ainda não está definido em qual empreendimento serão aplicados esses recursos, nem o volume de dinheiro que os árabes estão dispostos a investir. "Foi um primeiro enlace, agora vamos ver o que fazer, definir um portfolio", acrescentou.
Acordos de cooperação
Além do setor do petróleo, Sapha disse que o Brasil apresentou 10 propostas de acordos de cooperação, que serão discutidas nos próximos meses entre as autoridades dos dois países. Segundo ele, esses tratados versam sobre diversos temas, como esporte, saúde e agricultura. "São gêneros variados de modo a permitir uma grande intensificação das relações entre os dois países", ressaltou o embaixador.
Sapha disse que a visita de Lula e de sua comitiva levantou as relações entre o Brasil e os Emirados para um novo patamar, inclusive com a realização da Semana do Brasil em Dubai (encerrada ontem), o que demonstrou que o governo brasileiro, principalmente o Ministério do Desenvolvimento e a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) decidiram "entrar com força total" no país do Golfo. Antes da missão, segundo o diplomata, as relações entre as duas nações eram tênues.
"A visita do presidente realmente foi um sucesso", disse Sapha. Prova disso, segundo ele, foi o fato de que o presidente dos Emirados, xeque Zaied bin Sultan Al Nahayan, recebeu Lula. "Ele (Al Nahayan) já é um homem de idade avançada e quase não recebe mais ninguém, mas recebeu o presidente Lula em sua casa de maneira extremamente afetiva", ressaltou. "Além disso, ele colocou o governo dos Emirados à disposição para reforçar as boas relações", acrescentou.
"A repercussão da visita foi um maremoto, uma onda brasileira", disse o embaixador, lembrando que os Emirados são um país pequeno e que a presença de uma grande comitiva chefiada pelo presidente, com governadores, ministros, parlamentares e vários empresários, aliada à realização da feira, fez se sentir por todo o território. "Eles sentiram que o Brasil está muito interessado no país", afirmou.
Reunião de cúpula no Brasil
Sapha informou ainda que o ministro das Relações Exteriores dos Emirados, Rashid Abdullah Al Nuaimi, bateu o martelo na participação do país na reunião de cúpula entre os chefes de estado dos países árabes e da América do Sul proposta por Lula para ocorrer no próximo ano. "Ele manifestou esse interesse por escrito, disse que o governo dos Emirados tem o máximo interesse de que isso ocorra o mais rápido possível", declarou o diplomata.
O embaixador disse ainda que as autoridades dos dois países acertaram "desenvolver muito" a cooperação no que diz respeito à reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Conselho de Segurança da entidade, propostas defendidas pelo presidente Lula. Ele disse, porém, que o país do Golfo não fechou questão sobre o apoio à candidatura do Brasil a uma vaga permanente no conselho.
De acordo com Sapha, as autoridades dos Emirados preferem esperar para ver como será o desempenho do Brasil como ocupante de uma vaga rotativa no órgão pelos próximos dois anos. "Eles querem que o Brasil defenda os interesses árabes", disse. Mas isso, segundo o embaixador, o Brasil e Lula já vêm fazendo ao defender nos fóruns internacionais os direitos do povo palestino e da população do Iraque.