São Paulo – Começou a contagem regressiva. Em quarenta dias, os Emirados Árabes Unidos se tornarão o primeiro país árabe a enviar uma missão a Marte. O lançamento da “Missão Esperança Marte” está previsto para 14 de julho e é parte de um esforço regional para construir conhecimento e criar oportunidades no campo da ciência, principalmente para os jovens. Um de seus objetivos é trazer esperança ao mundo árabe. As informações são do jornal saudita Arab News.
“Esta missão não é apenas sobre os Emirados Árabes Unidos, é sobre a região, é sobre a questão árabe”, disse o gerente de projetos da missão no Centro Espacial Mohammed Bin Rashid (MBRSC), Omran Sharaf, ao Arab News.
Sharaf disse que a região está passando por tempos difíceis e que está precisando de boas notícias. “E precisamos que os jovens da região realmente comecem a olhar para dentro, construindo suas próprias nações e colocando diferenças de lado para coexistir com pessoas com diferentes crenças e origens e trabalharem juntas”, declarou.
A Missão Esperança Marte deve chegar ao planeta vermelho em fevereiro de 2021, coincidindo com o 50º aniversário da fundação dos Emirados Árabes Unidos. O projeto foi planejado, gerenciado e implementado por uma equipe dos Emirados supervisionada e financiada pela Agência Espacial dos Emirados Árabes Unidos. O Centro Espacial MBRSC desenvolveu a Sonda Esperança em cooperação com parceiros internacionais, incluindo as Universidades do Colorado, Berkeley e Arizona, nos Estados Unidos.
A ministra de Estado dos Emirados Árabes Unidos, Sarah Al-Amiri, explicou durante webinar nesta segunda-feira por qual motivo o projeto é tão importante para os Emirados. “Hoje, os Emirados Árabes Unidos são uma economia baseada em serviços, logística e petróleo e gás, e na região é considerada uma economia diversificada, mas se projetarmos isso adiante, a importância do setor de conhecimento intensivo se tornará cada vez mais proeminente para o país, bem como a criação de novas organizações de conhecimento intensivo”, afirmou.
Desenvolver talentos, criar oportunidades para engenheiros, cientistas e pesquisadores que trabalham em ciências naturais são os próximos empreendimentos importantes para o país, acrescentou a ministra.
A Sonda Esperança estudará a atmosfera marciana para entender como ela chegou ao seu estado atual. Como os Emirados Árabes Unidos não possuem uma plataforma de lançamento, a sonda foi enviada ao Japão em abril, três semanas antes do previsto, devido às crescentes restrições de viagens impostas para combater a propagação da covid-19. Os detalhes do orçamento devem ser anunciados posteriormente.
“O público entende a importância de um projeto como esse para os Emirados Árabes Unidos”, afirmou Sharaf. “É sobre enfrentar nossos desafios nacionais e desenvolver capacidades. Vivemos em uma região com desafios geográficos, no que se refere a alimentos, água e energia limpa, e todos estão bastante entusiasmados com esta missão porque compreendem o valor que ela agrega”, disse.
Al-Amiri informou que os dados da missão estarão disponíveis ao público dois meses após a sonda começar a orbitar Marte, em meados do ano que vem. Qualquer cientista poderá usar as informações e analisar os números, ela afirmou.
“Estamos observando e estudando um planeta que tem indicações de que era muito semelhante ao nosso próprio planeta e que passou por alguma forma de mudança e chegou a um ponto em que não pode ter um dos principais meios de construção da vida, como nós, humanos, conhecemos e como definimos. Vamos entender as razões da perda de hidrogênio e oxigênio, os blocos de construção da água da atmosfera de Marte e entender o papel que o próprio planeta desempenha”, disse. A equipe também pretende estudar o clima em Marte durante um ano inteiro.
Nos últimos 60 anos, apenas seis países enviaram missões ao planeta vermelho. Os Emirados já lançaram dois satélites e enviaram um astronauta para a Estação Espacial Internacional no ano passado. Eles prometem construir um assentamento humano em Marte até o ano 2117.
Três outras missões estão indo para Marte no próximo ano, incluindo o Mars Perseverance Rover da NASA, o Tianwen-1 da China, que será lançado no próximo mês, e o ExoMars, uma colaboração entre a Agência Espacial Europeia e a agência espacial russa Roscosmos.