Abu Dhabi – O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (27) que investidores dos Emirados Árabes Unidos estão interessados em aplicar recursos em projetos de infraestrutura no Brasil. “Eles querem investir, nós precisamos. A infraestrutura é boa para nós, faz com que nossos produtos cheguem de forma competitiva no destino final”, disse ele após participar da abertura de seminário empresarial Brasil-Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi, primeira escala de sua viagem a três países do Golfo.
Além de divulgar oportunidades de investimentos, o presidente afirmou que a visita serve para mostrar que o Brasil está “recuperando a confiança no mundo” e que “os números da economia demonstram que o País está no caminho certo”. “É estender as mãos e dizer que podemos fazer muita coisa de bom para nossos povos”, declarou.
Questionado se parte dos investimentos que o Brasil pretende atrair pode ir para a indústria de defesa, pois foram assinados acordos nesta área, Bolsonaro disse: “Um pouco. O investimento é mais no tocante à nossa produção, às nossas commodities, isso está em primeiro lugar.”
O Brasil é grande fornecedor de commodities agropecuárias para os Emirados e o mundo árabe em geral, e há preocupação na região em garantir um abastecimento contínuo de alimentos. “O Brasil vai ser muito feliz com essa passagem nossa por aqui”, declarou Bolsonaro.
No seminário, o presidente destacou dados conjunturais da economia brasileira, como a taxa básica de juros, que está em seu patamar histórico mais baixo, a inflação, que pode encerrar o ano abaixo da meta, e a redução do desemprego e do “risco Brasil”. Ele ressaltou também a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso e as discussões em torno das reformas Tributária e Administrativa, além da assinatura recente do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.
Além da infraestrutura, ele citou os leilões de exploração e produção de petróleo e gás que vão ocorrer em novembro como opções de investimentos.
“O Brasil é um país que está abrindo o seu comércio com o mundo todo, estamos diminuindo e muito a questão burocrática, bem como tudo aquilo que poderia atravancar a relação comercial, nós estamos vencendo estas barreiras”, declarou Bolsonaro. “Está aqui um homem de coração aberto, estendendo a mão aos senhores, pedindo que confiem em nosso país. Nós temos muito a oferecer, bem como os senhores têm a nos oferecer”, concluiu.
Mesma linha
O discurso de vários integrantes do governo girou em torno da saúde da economia brasileira, das reformas, de medidas liberalizantes e da atratividade do País para investimentos estrangeiros.
O chanceler Ernesto Araújo, por exemplo, disse que o governo está trabalhando para melhorar o ambiente de negócios e para assinar novos acordos comerciais. “Nossa política externa é baseada na amizade e nos bons negócios”, afirmou.
Ele acrescentou que o Brasil e os Emirados construíram uma “excelente” relação política e econômica. “E quando temos uma visão de mundo coincidente, podemos ir muito mais além”, destacou. De acordo com o ministro, as relações bilaterais estão atingindo um nível de “parceria estratégica”. “E a comunidade de negócios é um dos motores desta relação”, afirmou. Ele concluiu dizendo que “o novo ciclo econômico do Brasil” tem como indutores os investimentos externos e o setor privado.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reforçou o discurso de segurança para os investimentos, simplificação e desregulamentação da economia, e ampla gama de oportunidades. Ele citou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que tem projetos “de mais de R$ 1,4 trilhão”. Entre os setores prioritários, o ministro citou, além do petróleo, as ferrovias, a agricultura e as energias renováveis, especialmente solar e eólica, e a mineração, onde, segundo ele, há grande interesse dos Emirados.
“Venham ao Brasil, tenham o Brasil como grande parceiro, o Brasil tem um mar de oportunidades”, disse Lorenzoni.
O secretário-geral do Ministério da Defesa, almirante Almir Garnier, declarou que há imenso potencial para aprofundar a cooperação na indústria de defesa, e que empresários brasileiros da área acompanham a delegação presidencial para entender as demandas locais e poder atender as necessidades das forças armadas do país árabe.
Outra mão
Falando em nome do governo dos Emirados, o ministro de Estado Ahmed Al Sayegh destacou oportunidades de cooperação bilateral nas áreas de segurança alimentar, indústria mineral, informática e outras tecnologias. “Os Emirados trabalham em reformas e para aumentar sua competitividade econômica para que os atores estrangeiros tenham sucesso aqui”, afirmou. “E os Emirados são uma porta de entrada para mercados promissores como a Índia, a Ásia e os países árabes, o que representa oportunidades para o Brasil e para os Emirados”, acrescentou.
Ao abrir o seminário, o primeiro vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Abu Dhabi, Ebraheem Al Mahmood, garantiu: “Vamos trabalhar com instituições e empresas do Brasil para termos mais cooperação na economia e nos investimentos entre ambos os países”.
O seminário foi organizado pela Câmara de Comércio e Indústria de Abu Dhabi em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O evento contou com empresários de diversos setores dos dois lados.
Na ocasião, o presidente da Apex, Sérgio Segóvia, assinou um memorando de entendimentos com o presidente do Departamento de Desenvolvimento Econômico de Abu Dhabi, Saif Mohammed Al Hajeri, para dar apoio às exportações e reexportações entre o emirado e o Brasil.