São Paulo – O Conselho de Segurança Alimentar dos Emirados Árabes Unidos aprovou a criação de um novo sistema batizado ‘Climate Change Impact System’. O objetivo é fazer a transição de seus atuais sistemas alimentares para modelos mais sustentáveis. Segundo a agência de notícias oficial do país, a WAM, a nação se prepara para enfrentar os impactos potencialmente negativos do aquecimento global em curso. Na foto acima, testes que pesquisadores dos Emirados estão fazendo com variedades de arroz tolerantes ao sal em condições desérticas.
Além de fornecer dados valiosos para a tomada de decisão do governo sobre as ações e áreas de investimento apropriadas, a ferramenta faz parte do compromisso dos Emirados em apoiar a visão e os objetivos da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, que aconteceu neste mês e teve os Emirados Árabes Unidos como um dos 40 países convidados.
A criação do sistema ocorre próximo à divulgação da Missão de Inovação Agrícola pelo Clima (AIM for Climate), anunciada pelo vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados e governante de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, durante a cúpula. A iniciativa visa acelerar os esforços de pesquisa e desenvolvimento em torno do setor agrícola nos próximos cinco anos para diminuir os impactos das mudanças climáticas.
Para Mariam Almheiri, ministra de Estado da Segurança Alimentar e da Água e presidente do Conselho de Segurança Alimentar dos Emirados, a mudança climática é a questão mais urgente que o mundo enfrenta. “É necessária uma ação urgente para enfrentá-la antes de atingirmos um estágio sem volta. Os sistemas alimentares são essenciais para a forma como lidamos com as alterações climáticas, uma vez que não são apenas um dos seus maiores contribuintes, mas também o setor mais afetado por elas”, disse.
A ministra explicou que a ideia é usar os dados do sistema para criar um modelo global de segurança alimentar alinhado às metas climáticas globais. Com mais eficiência, os sistemas alimentares sustentáveis devem aumentar a produtividade e minimizar o uso de recursos e de energia não renovável. “O desenvolvimento de estratégias de adaptação, mitigação e inovações apoiadas por pesquisas baseadas em evidências é crucial para a agricultura sustentável e a segurança alimentar em ambientes marginais onde o impacto das mudanças climáticas provavelmente será significativo”, afirmou Tarifa Al Zaabi, diretor-geral interino do Centro Internacional para Agricultura Biosalina (ICBA), dos Emirados Árabes Unidos.
O ICBA, inclusive, firmou neste ano uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo a WAM, a base do sistema se dá na compreensão dos impactos que as mudanças climáticas podem causar na produção de alimentos nos Emirados e nos países parceiros que fornecem quantidades significativas de seus alimentos. O projeto se baseia nas tendências observadas de aumento das temperaturas globais em 0,33 graus Célsius por década desde 1971 e que devem aumentar entre 2 e 5 graus Célsius até o final do século.