São Paulo – Os Emirados Árabes Unidos poderão ter no ano que vem o seu maior crescimento desde 2016 no setor não petrolífero, ou seja, na economia que não está ligada ao petróleo. Em relatório divulgado nesta quarta-feira (06), o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu crescimento de 3% no segmento não petrolífero em 2020, em função principalmente da realização da Expo 2020 no país e do estímulo fiscal.
“Depois de um período de desafios, a economia está se recuperando. O crescimento do setor não petrolífero poderá ultrapassar 1% em 2019 e subir para 3% no próximo ano, o maior desde 2016, impulsionado pela Expo 2020 e o estímulo fiscal. O crescimento geral do Produto Interno Bruto (PIB) deve registrar 2,5% em 2020”, disse Koshy Mathai, líder da equipe do FMI que visitou o país nos últimos dias.
A prioridade dos Emirados deve ser manter um crescimento robusto após a Expo 2020. O evento é uma exposição universal que o país sediará entre outubro de 2020 e abril de 2021 e que impulsionará um forte fluxo de entrada de estrangeiros e gastos com turismo neste período. A Expo 2020 já está movimentando a economia dos Emirados em função dos gastos com a preparação para a exposição, incluindo suas obras (foto acima).
Segundo o FMI, manter o crescimento nas áreas não petrolíferas é prioridade tendo em vista que a longo prazo a demanda global de petróleo vai desacelerar diante de avanços tecnológicos e respostas políticas às mudanças climáticas. A equipe do organismo discutiu com autoridades medidas para o crescimento do setor não petrolífero, incluindo pequenas e médias empresas, e o fortalecimento fiscal para garantir economia da riqueza do petróleo para as gerações futuras e amenizar os efeitos das flutuações deste mercado no curto prazo.
O relatório informa que o governo dos Emirados já vem tomando medidas importantes voltadas para o desenvolvimento do setor não petrolífero, como adoção de lei de investimento estrangeiro que permite 100% de participação de estrangeira em empresas de determinadas áreas e redução de taxas. O país adotou medidas voltadas a pequenas e médias empresas para redução dos custos, casos de insolvência e inclusão financeira.
A equipe do FMI que visitou os Emirados recomendou o estabelecimento de uma única agência responsável pela promoção das pequenas e médias empresas, com todos os seus custos de orçamento registrados de forma transparente. Também foi sugerida redução de presença de entidades relacionadas ao governo em setores não estratégicos para promover a concorrência e o avanço do setor privado.
“É preciso estrutura fiscal que consagre compromisso com a poupança, atualmente abaixo do nível necessário para preservar a riqueza para as gerações futuras”, disse Mathai no relatório. Segundo o líder da equipe, a estrutura fiscal deve estar centrada em âncoras de longo prazo, com flexibilidade para suavizar as flutuações do preço do petróleo no curto prazo, bem como para dar suporte ao movimento comercial não petrolífero.