Isaura Daniel
São Paulo – Quando se fala na indústria aeronáutica brasileira, o primeiro nome que vem à cabeça é o da Embraer, a fábrica de São José dos Campos, interior de São Paulo, que se tornou referência internacional na fabricação de aviões. O que pouca gente sabe é que em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, uma empresa de pequeno porte produz e exporta aeronaves para 15 países.
A Aeromot, que nasceu da ambição de dois engenheiros gaúchos, começou a fabricar motoplanadores em 1986 e já vendeu mais de cem deles para fora do país. As aeronaves levam os nomes de Ximango e Super Ximango e são usadas para treinamento de pilotos e para o lazer. As principais características do motoplanador são as asas compridas e a leveza. O aparelho decola impulsionado pelo motor, mas quando ganha altura, se move com a força do vento.
No segundo semestre deste ano, a Aeromot fará a sua primeira exportação de um novo avião, o Guri, um monomotor de treinamento. A primeira unidade a sair do país vai para a China. Até agora apenas dois aviões da marca operam no Brasil, um no Aeroclube do Rio Grande do Sul e outro na Brigada Militar, como é chamada a Polícia Militar no estado.
A Aeromot já fechou, no entanto, um contrato de venda de 20 Guris para o Departamento de Aviação Civil (DAC). As entregas vão ocorrer em cinco anos, mas começam a ser realizadas ainda neste semestre.
Se seguir os mesmos passos do Ximango, o Guri tem tudo para ser aprovado no mercado internacional. Dos 162 motoplanadores fabricados pela Aeromot até hoje, 51 foram comprados pelos Estados Unidos, 14 deles pela academia da Força Aérea norte-americana. O Super Ximango é utilizado para treinamento de cadetes.
Para fornecer aos EUA, a empresa gaúcha teve que disputar, em 2002, uma concorrência internacional com fabricantes da Alemanha e do Canadá. A última aeronave foi entregue em 2003.
Voando longe
Além dos Estados Unidos, também Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Austrália, Japão, Argentina, Colômbia e República Dominicana estão entre os principais clientes internacionais da Aeromot. Dos nove aviões que serão fabricados no segundo semestre deste ano, pelo menos seis serão exportados. Os compradores são do México, EUA e China.
No primeiro semestre do ano, também foram fabricadas nove aeronaves. Todas foram exportadas, oito delas para os Estados Unidos e uma para a Inglaterra. De acordo com presidente da Aeromot, o engenheiro aeronáutico Cláudio Barreto Viana, o maior uso dos motoplanadores no exterior é para o lazer. "Normalmente são comprados por ex-pilotos", disse. Tanto o Super Ximango quanto o Guri possuem dois assentos.
No Oriente Médio, a Aeromot vendeu apenas cinco aeronaves, há cerca de sete anos, ao Irã. Elas foram destinadas ao treinamento de pilotos civis e militares. Viana afirma, porém, que está procurando uma oportunidade de exportar para os países árabes, principalmente para a Arábia Saudita.
A Aeromot está trabalhando com um ritmo de produção de 18 unidades ao ano. Para o ano que vem há planos de aumentar a fabricação para 24 unidades.
Dois engenheiros
O engenheiro Viana é um dos fundadores da Aeromot. A fábrica foi aberta em 1967 e fazia, a princípio, apenas manutenção de aeronaves. Em 1969, Viana e seu sócio, o engenheiro mecânico e elétrico João Claudio Jotz, começaram a fabricar também assentos de aviões. Hoje, a produção de aviões é a divisão mais importante da companhia, ainda comandada pelos dois sócios.
O Super Ximango e o Guri são vendidos com preços entre US$ 140 mil e US$ 150 mil, quando totalmente equipados. O Ximango não é mais fabricado. O Super Ximango pode ter 100 ou 115 cavalos. Alguns pilotos já chegaram a voar a nove mil metros de altitude com o motoplanador, segundo Viana. A altura média, porém, é de dois a três mil metros. O motor utilizado no Super Ximango é austríaco, da marca Rotax.
O Guri voa a até cinco mil metros de altitude, tem um motor de 115 cavalos da marca Lycoming, dos Estados Unidos. O Guri serve para treinamento um pouco mais avançado do que o Ximango.
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