Alexandre Rocha
São Paulo – A Agropel Agroindustrial Perazzoli Ltda., empresa produtora, exportadora e importadora de maçãs, está namorando o mercado árabe em busca de novas oportunidades de negócios.
Nona colocada no setor no Brasil, segundo ranking da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a companhia sediada em Fraiburgo, Santa Catarina, participou recentemente do estande brasileiro na Saudi Food, feira da alimentação na Arábia Saudita, e agora mantém contatos com empresários árabes com vistas à comercialização da colheita do próximo ano.
O gerente de exportações da empresa, Edsom Batista Ribeiro de Melo, acredita ser possível exportar 150 contêineres (cerca de 3,3 mil toneladas) de maçãs para a região já no ano que vem.
"Essa é a nossa meta, mas isso vai depender do interesse dos árabes e da safra", disse Melo. Segundo ele, ainda é um pouco cedo para afirmar que os contatos feitos da feira realmente vão virar negócios, pois a empresa precisa antes avaliar qual será o tamanho de sua produção. "Só após a florada, que deverá ocorrer no final desse mês, é que poderemos ver o que vai segurar no pé e ter uma noção da safra. Para fechar negócio mesmo, só a partir de novembro", afirmou.
Se tudo der certo, os cerca de 150 contêineres serão somente o ponto de partida. Melo diz que isso equivale a 10% da capacidade de exportação da companhia e as vendas para o Oriente Médio podem perfeitamente crescer ano a ano. "Nós temos potencial para muito mais", ressaltou.
Concorrência
Melo acrescenta que será preciso também vencer uma tradição já enraizada na região que, segundo ele, tradicionalmente importa maçãs do Chile, da Nova Zelândia e da África do Sul. O executivo acha, porém, que há interesse dos árabes no produto brasileiro.
Ele diz isso com base em uma experiência passada. Em 2002, a Agropel exportou 132 toneladas de maçã para a Arábia Saudita. Uma quantidade pequena em comparação ao volume total de exportações da empresa. "O pessoal gostou muito da nossa fruta, mas temos a concorrência dos outros países", afirmou.
Só em 2003 a Agropel vendeu para fora cerca de US$ 8 milhões em maçãs, da variedade Royal Gala, para o mercado europeu, o que equivale a mais ou menos 10 mil toneladas, ou aproximadamente 30% de sua produção. Melo diz, no entanto, que 2003 foi um ano ruim, pois a safra foi afetada pelo granizo. "No próximo ano nós esperamos exportar US$ 12 milhões", declarou.
A colheita ruim, cerca de 500 mil caixas de 18 quilos a menos do que o normal, fez com que a empresa não repetisse este ano a remessa que fez em 2002 para o Oriente Médio.
Além da presença na Saudi Food, a Agropel participou também de uma reunião no início do mês com representantes da empresa Alabna, uma das maiores importadoras da Arábia Saudita, organizada pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf).
A companhia catarinense foi representada por seu diretor comercial para o mercado interno, Rubens Stroher. Segundo ele, a reunião serviu mais para a apresentação das empresas e produtos. "Mas a impressão que ficou foi a melhor", garantiu ele.
Segundo dados da ABPM, o Brasil produziu no ano passado mais de 857 mil toneladas de maçãs e exportou quase 66 mil toneladas. Santa Catarina é o maior produtor do país, com 474,5 mil toneladas colhidas no ano passado. No caso específico da Agropel, Melo acha que o percentual exportado pode chegar a 50% da produção futuramente.