São Paulo – O diretor comercial da empresa árabe Organic Foods and Café, Gerwin Friedrichs, está em São Paulo para aumentar as importações de produtos orgânicos do Brasil. A empresa é dona do maior supermercado de orgânicos do mundo, e vai participar, durante dois dias, de reuniões com produtores brasileiros interessados no mercado do Oriente Médio.
A Organic Foods and Café é de Dubai e os encontros serão realizados durante a sétima edição da feira Biofach América Latina, que acontece de hoje (28) a 30 de outubro no Expo Transamerica, na capital paulista. Em conjunto a Biofach, ocorre também a ExpoSustentat, onde os visitantes têm acesso a palestras sobre o setor de orgânicos.
A Organic Foods and Café é o único distribuidor e varejista do setor orgânico dos Emirados Árabes Unidos. Fundada em 2004, como parte do Al Accag Group, a empresa possui duas lojas próprias, incluindo o maior supermercado orgânico do mundo, com 27 mil metros quadrados.
Os produtos comercializados incluem itens de padaria, frutas e vegetais frescos, derivados do leite, produtos para o corpo, mantimentos, alimentos nutricionais, café e frutos do mar.
Entre os produtos que a empresa já compra do Brasil estão carne, mel e produtos de limpeza.
Friedrichs informa que o objetivo da Organic Foods and Café, que participa pela primeira vez de uma feira no Brasil, é diversificar os produtos importados do país. "Queremos comprar frango, ovos, mais produtos de limpeza, novos produtos de mantimento e sucos", detalha.
Além das lojas próprias, a empresa também distribui seus produtos para outros países do Golfo, como Bahrein, Omã, Kuwait e Arábia Saudita, e possui serviço de alimentação em hotéis de Dubai.
De acordo com Friedrichs, a Organic Foods and Café ainda não tem planos de abrir suas lojas no Brasil, mas os produtos nacionais têm grande aceitação no mercado árabe. "A carne brasileira é bem conhecida ao redor do mundo, em seguida vem o mel e também frutas e vegetais frescos e congelados. Após a feira, a empresa espera aumentar suas compras do Brasil em cerca de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões por ano".
No total, ele participará de 26 reuniões com empresas brasileiras. Estes encontros fazem parte do Projeto Comprador do Organics Brasil, que, durante toda feira, promoverá rodadas de negócios entre seis compradores internacionais e 48 companhias do Brasil. O Organics Brasil é um programa de exportações do setor, levando adiante pela Agência Brasileira de Exportação e Investimentos (Apex), Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD) e Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Exportações
Segundo o gestor de Projetos da Apex, Eduardo Caldas, os maiores mercados compradores de produtos orgânicos brasileiros são Alemanha, Espanha e França. No entanto, a agência está trabalhando para aumentar o número de importadores, o que inclui os países árabes.
“Os Emirados têm se mostrado um mercado bastante dinâmico. Analisamos características como abertura de mercado e capacidade de compra do público, e os Emirados se mostraram receptivos a estes produtos”. Caldas também cita a Arábia Saudita como outro potencial mercado para os orgânicos brasileiros.
Orgânicos no Brasil
O Ministério da Agricultura ainda não tem uma dimensão exata do tamanho do mercado de produtos orgânicos no Brasil. De acordo com Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do ministério, os melhores medidores do mercado nacional de orgânicos são o crescente número de feiras do setor em todo o país e o aumento nas vendas nas redes de supermercados.
Nas lojas do Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, a venda de produtos orgânicos aumentou em 40% este ano em comparação com 2008. A expectativa da rede é superar os R$ 50 milhões em faturamento com os produtos do setor até o final de 2009.
Ele também afirma que, ao contrário do que se pode imaginar, o mercado de produtos orgânicos não é voltado exclusivamente para as classes média e alta. “O censo que o IBGE divulgou recentemente sobre produção orgânica mostra um quadro de produtores bastante diferente do que se imagina. Temos uma concentração muito grande de produtores na região Nordeste, que faz suas vendas em feiras e que realiza entregas em domicílio.”
Dias informa que o governo federal também é comprador destes produtos, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, o PAA. “Ele paga 30% a mais pelo produto orgânico e coloca isso nas cestas que são distribuídas pelos programas sociais”.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também investe no mercado produtor de orgânicos no Brasil. Em parceria com o projeto Organics Net, que apoia 26 produtores orgânicos em todo o país, o banco participa para ajudar no aumento da receita destes associados. Desde 2008, o BID, a Sociedade Nacional da Agricultura, o governo do Canadá e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) investiram cerca de US$ 380 mil em pequenos e médios produtores orgânicos.